HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH) é complicação frequente após transplante alogênico, sendo resultado da resposta imunológica do enxerto contra tecidos do receptor. Pode ser aguda ou crônica, afetando principalmente pele, fígado e trato gastrointestinal. O tratamento inicial baseia-se em corticosteroides; porém, em casos refratários, torna-se necessário o uso de terapias imunomoduladoras como a fotoférese extracorpórea. Objetivo do trabalho é relatar um caso de DECH cutânea grave refratária a múltiplas terapias imunossupressoras, tratada com fotoférese.
Descrição do casoMulher, 32 anos, diagnosticada com LLA B Ph+ em 2020. Após quimioterapia, realizou transplante alogênico HLA 10/10. Em 2021 desenvolveu DECH cutânea grave (esclerodermia), acometendo >80% da superfície corporal. Foi refratária ao tratamento com corticoide e aos imunossupressores Ciclosporina, Ibrutinibe, Ruxolitinibe e Rituximabe. Apresentava limitação funcional severa e dispneia por restrição torácica. Iniciou fotoférese, com 80 sessões ao longo de 18 meses, inicialmente semanais e, após, quinzenais. A paciente demonstrou melhora clínica significativa a partir do primeiro mês, com resolução das lesões mais inflamatórias. O tratamento foi seguro, com um único episódio de hipotensão e nenhuma intercorrência infecciosa que exigisse internação. A fotoférese atua induzindo apoptose de linfócitos T alorreativos e modulando a resposta inflamatória, sendo reconhecida como terapia de segunda linha na DECH crônica refratária. Apesar da pouca disponibilidade no SUS e limitações de cobertura pelos planos, o caso evidencia sua eficácia, segurança e tolerabilidade, mesmo com grande número de sessões. A paciente apresentou resposta clínica robusta e redução da carga imunossupressora, mantendo-se em seguimento ambulatorial com melhora funcional e sem sinais de recidiva.
ConclusãoEvidenciado o êxito em reverter uma situação com potencial risco de vida – DECH cutânea grave, com fotoferese e micofenolato. O manejo adequado e intervenções precoces foram fundamentais para o desfecho favorável. O número de sessões e a frequência ainda é tema de debate entre especialistas, nesse caso a opção foi por estender o período de sessões devido a gravidade do caso, demonstrando a segurança desse processo, além de permitir a redução de medicamentos imunossupressores com maior risco de efeitos colaterais. A paciente encontra-se em acompanhamento ambulatorial, com sequelas reduzidas da doença – cicatrizes cutâneas e sem sinais de recidiva. A fotoférese extracorpórea representa uma terapia segura, eficaz e bem tolerada no manejo da DECH refratária a esteroides, especialmente nas manifestações crônicas.
Referências:
Ferrara JLM, Chaudhry MS. GVHD: biology matters. Blood Adv. 2018;2(22):3411-7.
De Fusco G, Gessoni G. Extracorporeal Photopheresis in Graft-Versus-Host Disease: Real-Life Experience Using a New In-Line Method. Hemato. 2025;6(1):2.
Gasparro FP, Berger CL, Edelson RL. Effect of monochromatic UVA light and 8-methoxypsoralen on human lymphocyte response to mitogen. Photodermatol. 1984.
Penack O, Bacigalupo A, Gavriilaki E, et al. Treatment patterns of extracorporeal photopheresis in steroid-refractory graft versus host disease: A delphi study. Bone Marrow Transplant. 2025. https://doi.org/10.1038/s41409-025-02687-y




