
A doença falciforme (DF) é caracterizada pela presença da hemoglobina S e pode apresentar diversas manifestações clínicas no decorrer da vida do paciente. Dentre estas, podemos destacar a síndrome torácica aguda (STA) e as crises de dor. Desta forma, esse trabalho objetivou fazer uma análise da ocorrência da STA e da frequência das crises de dor com relação ao haplótipo em crianças de 5 a 10 anos.
Material e métodosForam avaliadas 58 crianças, com idade entre 5 e 10 anos com diagnóstico confirmado de anemia falciforme (genótipo SS). Destes indivíduos, 33 foram classificados como Bantu/Bantu, 15 como Bantu/Benim e os outros 10 em outros haplótipos, como Benim/Benim e Benim/Camarões. Foram avaliados dentro de cada grupo a quantidade de crises de dor no último ano antes da coleta e, também, se apresentavam STA.
ResultadosDos indivíduos classificados como Bantu/Bantu, 57% apresentavam STA, 72% apresentaram de 0 a 2 crises de dor no último ano, 21% tiveram de 3 a 5 crises de dor e 7% relataram mais de 6 crises de dor no ano corrente. Já com relação aos pacientes Bantu/Benim, 53% relataram STA, 73% apresentaram de 0 a 2 crises de dor e 27% apresentaram de 3 a 5 crises de dor no ano anterior à coleta.
DiscussãoA anemia falciforme é caracterizada pela variação da sua fisiopatologia, sendo que a síndrome torácica aguda e as crises de dor são alguns dos sintomas mais frequentes. A literatura mostra que os indivíduos com haplótipo Bantu/Bantu apresentam as manifestações clínicas mais graves. Nosso estudo demonstra que a ocorrência de STA nos dois haplótipos foi semelhante e, também, a frequência de 0 a 2 crises de dor no ano. Contudo, pode-se destacar que apenas nos indivíduos com haplótipo Bantu/Bantu houveram relatos de mais de 6 crises de dor. Cabe ressaltar que, tratando-se de crianças, as concentrações de hemoglobina fetal no sangue ainda são maiores (9 ± 5,98%) do que os valores de referência (0 a 1%). A hemoglobina fetal tem maior afinidade pelo oxigênio, o que pode atuar em um processo atenuante das manifestações clínicas nestes indivíduos.
ConclusãoConclui-se, então, que, com relação à ocorrência da síndrome torácica aguda e das crises de dor não houve diferença significativa nesta amostragem específica.