Objetivos: Identificar fatores preditivos relacionados ao desencadeamento de STA nos pacientes com DF. Métodos: O presente estudo inclui todos os pacientes com menos de 18 anos de idade e DF atendidos no setor de urgência, no hospital de referência de janeiro a julho de 2020, que apresentavam um ou mais dos seguintes critérios clínicos para STA - febre, tosse, dor torácica, falta de ar, calafrio, sibilos, hipoxemia - nas 24 horas anteriores à entrada no serviço. Na admissão foram identificados idade, sexo, genótipo, uso de hidroxiureia (HU), transfusão crônica (TC), hemoglobina basal, antecedente de asma, febre, tosse, dispneia, dor, histórico recente de diarreia ou vômitos, exposição a temperaturas frias ou quentes, atividades físicas extenuantes, estresse emocional, data da última menstruação, frequência cardíaca e respiratória, saturação à oximetria de pulso, ausculta pulmonar e os valores de hemoglobina e leucometria. Resultados: Dos 37 pacientes com suspeita de STA, 15 (40,54%) eram do sexo masculino e 22 (59,46%) do sexo feminino. Idade média (desvio padrão) de 10 anos e 6 meses (4,8), variando de 2 a 17 anos. Genótipo: 30 (81,08%) anemia falciforme (SS), 3 SC (8,11%), e 4 Sbeta-talassemia (10,81%). Foram diagnosticados com STA, 21 pacientes, sendo que 9 (42,9%) em uso de HU, 1 (4,7%) em TC, 2 (9,5%) com antecedente de asma, 8 (38,1%) apresentavam febre, 8 (38,1%) sintomas respiratórios, 1 (4,7%) sibilância, 18 (85,7%) dor, sendo 16 (76,2%) dor forte e 14 (66,7%) dor toracolombar. Cinco (23,8%) pacientes apresentavam exposição ao calor, e 1 (4,7%) ao frio. Dois (9,5%) relataram atividade física extenuante e 2 (9,5%), estresse emocional. Nenhuma paciente se encontrava no período pré-menstrual. Ao exame físico, 12 (57,1%) apresentavam taquipneia, 8 (38,1%) taquicardia, 11 (52,4%) saturação menor que 94% e 9 (42,9%) menor que 92%. Sete (33,3%) tinham alteração na ausculta pulmonar (sibilância, estertores e/ou diminuição do murmúrio vesicular). A mediana da leucometria calculada no grupo que confirmou o diagnóstico de STA foi de 20.644/mm3. A análise da leucometria mostrou que 13 dos 37 pacientes apresentavam leucocitose maior do que 20.000/mm3, e destes, 11 (84,61%) evoluíram com STA, com uma razão de chances (OR) calculada de 7,7 (IC 95% 1,39-42,63). A associação de leucocitose maior que 20.000/mm3, e saturação abaixo de 94% apresentou OR de 9,23 (IC 95% 1,02-83,94). Ao ser considerada saturação abaixo de 92% associada ao mesmo nível de leucocitose, 100% dos pacientes (7 em 7) evoluíram com STA. Discussão: A STA corresponde à principal causa de morte e segunda causa de hospitalização dentre os pacientes com DF. Entre os fatores relacionados com o seu desenvolvimento, encontra-se associação com crises álgicas, anemia severa, alta contagem de leucócitos, asma, tabaco, doença obstrutiva do sono. Neste estudo, semelhante à literatura, encontramos o genótipo da anemia falciforme como o mais frequente, e entre os fatores preditivos a crise vaso-oclusiva, a dessaturação e a leucócitos > 20.000/mm3. A associação de baixa saturação e elevada leucometria identificou os pacientes que evoluíram com STA. A principal limitação deste estudo foi o tamanho amostral. Conclusão: O presente estudo possibilitou identificar como fator preditivo de STA a presença de leucocitose à admissão hospitalar maior do que 20000/mm3, principalmente quando associada a dessaturação.
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