Analisar, a partir de revisão da literatura, a melhor estratégia dietética para prevenção da anemia ferropriva em lactentes até 2 anos de idade e eleger a melhor dieta dentre as 3 estabelecidas: amamentação como principal fonte de ferro, suplementação de ferro exclusiva ou associação da amamentação com suplementação de ferro.

Pesquisa qualitativa através de revisão bibliográfica realizada nos sites de busca a partir dos descritores: Anemia ferropriva, Lactentes, Suplementos nutricionais e Amamentação.

Após ampla revisão constatamos que o aleitamento materno, em casos de mães sem anemia ferropriva, fornece níveis suficientes de ferro para o bebê nos primeiros 4 a 6 meses de vida, sendo recomendado de forma exclusiva durante este período. Após o 4°‒6° mês de vida do lactente, há a possibilidade de introdução de uma alimentação sólida rica em ferro ou de suplementos férricos para a prevenção da anemia ferropriva, devido a necessidade de uma quantidade de 4 mg/dia de ferro, o dobro da ofertada pela amamentação materna exclusiva, com redução da disponibilidade de ferro no leite materno e aumento da demanda deste nutriente pelo lactente. Lactentes com aleitamento materno exclusivo apresentam maiores riscos de desenvolver anemia ferropriva após o 6° mês de vida em relação aos lactentes alimentados seja apenas por alimentos ricos em ferro/suplementos férricos ou uma alternância entre aleitamento materno e suplementação férrica por meio de fórmulas infantis ou alimentos ricos neste nutriente. A suplementação férrica pode provocar diarreias e vômitos, sendo motivo para o abandono do tratamento, além de haver a possibilidade do esquecimento da aplicação da dose diária do suplemento. A suplementação exclusiva de ferro restringe o acesso direto a alimentos ricos em cálcio, haja vista que estes dificultam a absorção do mineral. A suplementação de ferro pode ser recomendada no período de transição para a introdução dos primeiros alimentos ao lactente pois muitos destes são pobres em ferro. A estratégia alimentar de continuação do aleitamento materno concomitante a suplementação férrica, assegura os benefícios da amamentação, a qual é recomendada até o 24 mês de vida do lactente, assegurando os níveis necessários para o desenvolvimento do lactente.

O aleitamento materno é amplamente indicado para os lactentes até os 6 meses de idade de forma exclusiva e de forma complementar até o 24° mês, devido às inúmeras vantagens nutricionais e fisiológicos proporcionados pelo leite materno, como benefícios na diminuição da mortalidade e morbidade, aumento do nível de inteligência e fator protetor contra o sobrepeso/desenvolvimento da diabetes mellitus na fase adulta. Apesar da suplementação de ferro ser indicada a partir do 4° ao 6° mês de vida ou uma dieta com alimentos reforçados em ferro, quando realizada de forma exclusiva, a suplementação férrica não será capaz de replicar os efeitos positivos da amamentação, embora continue mantendo os níveis de micronutrientes/macronutrientes necessários para o seu desenvolvimento.

Concluímos que a melhor estratégia dietética para prevenção de anemia ferropriva em lactentes até 2 anos de vida é iniciar alimentação de sólidos para suprir a necessidade de ferro requerida pelo organismo após 6 meses que é de 4 mg por dia, associada ao aleitamento materno, prevenindo o risco do abandono da suplementação do mineral devido aos efeitos adversos gastrointestinais.