
Aspectos epidemiológicos e de segurança transfusional tornam os doadores de sangue uma população de estudo bem importante. Por se tratar de uma população assintomática e heterogênea, pode ser alvo de pesquisas de prevalência de patógenos recorrentes e emergentes. Infecções virais primárias e reinfecções são complicações comuns em pacientes transplantados e está associada com uma alta taxa de morbidade e mortalidade. Neste sentido, a detecção e identificação de agentes infecciosos é importante na tentativa de aumentar a nível máximo a segurança transfusional. Nesse contexto, aponta-se os Enterovírus (EV), já que apresentam potencial de causar complicações em indivíduos receptores de sangue ou hemocomponentes. Além disso, indivíduos podem apresentar uma viremia assintomática para este vírus, aumentando a chance de transmissão. Os EV estão entre os vírus humanos mais comuns e são de grande interesse devido à ampla variedade de infecções que podem causar. Os EV são vírus de transmissão predominantemente entérica e podem ser encontrados em todas as regiões do mundo. Além disso, pacientes de doenças hematológicas e algumas doenças crônicas, muitas vezes são politransfundidos com sangue ou hemocomponentes, aumentando a exposição desses indivíduos que já são imunocomprometidos. Sendo assim, nesses pacientes a infecção por algum vírus pode causar danos graves.
ObjetivoEste estudo tem como objetivo principal a pesquisa para detecção e identificação de EV em doadores de sangue saudáveis no Rio de Janeiro.
Material e MétodosForam utilizadas 2748 amostras de doadores de sangue (tubo primário K2 EDTA) e agrupadas em 458 pools contendo 6 amostras cada. O processo de pooling foi realizado através da plataforma automática JANUS® (Perkin Elmer®). Após isso, foi realizada a extração do RNA e o PCR em tempo real em todos os pools. Para obter um controle de qualidade da extração, foi realizada a amplificação de um alvo endógeno na maioria das amostras e em cada placa de PCR em tempo real foi utilizado um controle positivo e um negativo.
ResultadosComo resultados, até o momento, 2748 amostras foram analisadas e não foi detectado o EV o que indica uma baixa prevalência desse vírus em doadores de sangue.
DiscussãoComo este vírus está presente na população brasileira era esperado estimar a prevalência de EV detectando esse patógeno em doadores de sangue. Entretanto, a sua detecção em indivíduos assintomáticos mostrou uma baixa prevalência e a falta de dados na literatura acerca do assunto dificulta a comparação de resultados. Porém, outros trabalhos já demonstraram baixa prevalência em doadores de sangue de alguns vírus em alta circulação na população geral.
ConclusãoO presente trabalho mostra-se de importância no sentido de fornecer dados para a literatura visto a escassez de trabalhos relacionando EV e população assintomática e de doadores de sangue no Brasil e no mundo. E estimar a circulação de EV em indivíduos doadores de sangue ajudando a melhorar a segurança transfusional e inferir se o EV oferece risco transfusional.