
LSD1 e LSD2 codificam enzimas desmetilases que primariamente regulam a transcrição gênica por desmetilar a histona 3, mas que também podem diretamente desmetilar proteínas específicas, que possuem importante impacto oncogênico, como p53, E2F, HIF, STAT3 e DNMT1. De fato, a desregulação de LSD1 e LSD2 tem sido associada ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer. Neste estudo tivemos como objetivo avaliar a expressão e o impacto prognóstico de LSD1 e LSD2 na LLC.
Materiais e métodosUtilizamos amostras de 55 pacientes com LLC, atendidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. Após diagnóstico, determinamos por Citometria de fluxo a expressão de ZAP-70 e o padrão cariotipico dos pacientes por exame citogenético (Bandeamento G). A expressão de LSD1 e LSD2 foi determinada por PCR em tempo real e comparada com células B-saudáveis.
ResultadosNão detectamos alteração nos níveis transcricionais de LSD1 ao compararmos as amostras de LLC e células B controle. Entretanto, os pacientes com LLC apresentaram expressão reduzida do transcrito LSD2 (p = 0,001). Considerando o padrão heterogêneo de expressão de LSD1 e LSD2 na LLC, as amostras foram dicotomizadas em “alta”e “baixa”expressão, seguindo a mediana de expressão dos genes. É interessante, pois as amostras com expressão reduzida de LSD1 e LSD2 apresentaram leucometria elevada (p = 0,007 e p = 0,01, respectivamente). Adicionalmente, a expressão reduzida dos transcritos LSD1 e LSD2 também está associada com a presença de três ou mais alterações citogenéticas (p = 0,009 e p = 0,0006, respectivamente) e presença de alterações citogenéticas de prognóstico desfavorável (p = 0,008 e p = 0,001).
Discussãodados reportados na literatura indicam que LSD1 e LSD2 podem ter um papel na proliferação e sobrevida celular. Além disso, foi demonstrado que a inibição dessas enzimas afeta a segregação e o correto alinhamento cromossômico além do processo de imprinting genômico. Nossa hipótese é que LSD1 e LSD2 tenham papel de supressor tumoral na LLC, em que a baixa expressão dessas enzimas pode favorecer a sobrevida das células leucêmicas.
ConclusãoEncontramos uma associação entre a baixa expressão dos genes e fatores prognósticos, no entanto, estudos adicionais são necessários em coortes independentes para confirmar o papel prognóstico de LSD1 e LSD2 e para descrever molecularmente o impacto dessas enzimas na sobrevida e instabilidade genômica da LLC.