
As doenças oncohematológicas são a segunda maior causa de mortalidade no mundo, sobretudo pela maior expectativa de vida e exposição a carcinógenos ambientais. Apesar disso, ainda há lacunas no ensino em Oncologia na graduação. Conforme dados do e-Mec de 2019, a Oncologia é ofertada por menos da metade das escolas médicas brasileiras e em reduzida carga horária, levando a um ensino insuficiente na graduação. Este estudo visa avaliar a importância de aprender e compartilhar conhecimentos acerca da Hematologia e oncologia, sobretudo frente ao déficit na oferta de cancerologia pelas grades curriculares das escolas médicas. Além de retratar a experiência de acadêmicos em um grupo de estudos e pesquisa em hematologia e oncologia.
Materiais e métodosFoi anunciado, por meio do Instagram profissional de uma especialista e professora universitária, vagas para acadêmicos de medicina em grupo colaborativo nas áreas de hematologia e oncologia. O processo seletivo foi feito em 3 etapas: envio de currículo, carta de recomendação de médico ou professor e entrevista por vídeo-chamada. Foram selecionados, ao total, 7 estudantes de medicina regularmente matriculados em 5 universidades de Belo Horizonte. Dentre as atividades propostas estão: acesso a aulas semanais online, acesso gratuito a congressos e simpósios e escrita e apresentação de trabalhos científicos sob a orientação de residentes e de preceptores nas áreas de hematologia e oncologia clínica. Além disso, há revisão/pesquisa bibliográfica de temas voltados para conscientização populacional para produção de conteúdos para mídias (sites, jornais, redes sociais), sem cunho promocional ou financeiro.
ResultadosAs atividades iniciaram em 20 de Junho de 2022 a Julho de 2023, no qual foram produzidos 15 trabalhos científicos para serem apresentados e/ou publicados em eventos e periódicos, sendo que 13 foram submetidos e 10 aprovados até o momento. Foram produzidos 20 textos informativos com temas e discussões atuais sobre oncologia e hematologia, para a coluna Saúde Plena do Portal Uai de Notícias. Os textos também foram transformados em mídias, publicadas em diversas redes sociais. Ademais, os acadêmicos participam semanalmente, de reuniões e discussões multidisciplinares sobre casos clínicos, da internação, do ambulatório ou diversas temáticas pertinentes à onco-hematologia. Essas contam com a presença de residentes e preceptores de hematologia, oncologia clínica, cuidados paliativos e equipe de reabilitação. As discussões são pautadas na troca e intercâmbio de saberes, proporcionando maior aprendizado e melhores resultados na prática médica. O grupo é uma forma complementar de estudo que permite aprofundar conhecimentos e adquirir novas experiências de ensino e pesquisa. Estudos mostram que muitos estudantes de medicina têm interesse em realizar pesquisas, mas encontram obstáculos, como a falta de oportunidades de pesquisa e a sensação de despreparo.
ConclusãoHá crescente prevalência de pacientes acometidos por doenças oncohematológicas, todavia a educação na graduação médica não tem se adequado formalmente a esse cenário. Assim, enquanto não é amplamente implantada como disciplina obrigatória, grupos colaborativos visando atualizações sobre temas da hematologia/oncologia, conscientização de pacientes e incentivo à produção científico-acadêmica são alternativas eficazes para suprir essa demanda.