
Explicitar, mediante análise de gráfico estatístico, a evolução do número de candidatos à doação de sangue menores de 18 anos ao longo de uma década no Banco de Sangue Santa Marcelina.
Material e métodosAtravés de pesquisa realizada na plataforma SISHEMO, no Boletim de Produção, campo “Quanto a idade do doador”, reunimos dados do período de 2011 a 2021 e avaliamos a evolução ao longo do tempo.
ResultadosEm 2011 e 2012 o Banco de Sangue Santa Marcelina não registrou candidaturas à doação de sangue na faixa etária de 16 a 17 anos. Em 2013, houve o comparecimento de 112 candidatos nessa faixa em um total de 36.950 candidatos, que correspondeu a 0,30%. Nos anos seguintes, o aumento não foi constante, com oscilações negativas nos anos 2014, 2017 e 2019, compensado por aumentos significativos nos outros 5 anos. Os anos de 2020 e 2021 foram os melhores da série, com 206 e 224 candidatos, respectivamente, o que correspondeu a 0,77% e 0,83% do total de doadores de cada ano.
DiscussãoEm junho de 2011, foi publicada a Portaria n°1353 do Ministério da Saúde, que ampliou a possibilidade de novas pessoas serem candidatas à doação de sangue: excluiu a orientação sexual dos critérios de triagem e incluiu os jovens de 16 a 17 anos como possíveis candidatos à doação de sangue, com o consentimento formal do responsável legal para cada doação. Final de 2011 e 2012 foram de adaptações a nova regra e não foi possível verificar, pelo nosso acesso ao SISHEMO, se não houve candidatos ou não foram incluídos separadamente dos outros grupos etários. A partir de 2013, sempre foram registrados comparecimento de jovens no serviço. E nos dois anos mais críticos da pandemia de Sars-Cov-2, 2020 e 2021, onde ocorreu queda expressiva do número total de doadores, o índice de doação desse grupo cresceu, pois, foi amplamente divulgado que jovens teriam menos complicações relacionadas a COVID-19. As campanhas em mídias sociais e atividades em contextos comunitários são ferramentas para atrair candidatos, fidelizá-los e incentivá-los à repetição. Pelo público-alvo de 16 a 17 anos, o ambiente escolar é ideal para o desenvolvimento de práticas promotoras de saúde, afinal, essa influência é uma maneira de estimular valores e um exercício da cidadania. No ambiente escolar é possível estimular que os jovens pesquisem sobre os requisitos e processos para a doação de sangue, e no final, aprendem tanto no contexto escolar, como nas suas práticas sociais e culturais. Partindo dessa premissa, nota-se que a participação familiar somada à contribuição escolar possibilita a estimulação e compreensão da doação de sangue, desmistificando e conscientizando sobre o processo, e esse jovem também pode ser o primeiro doador do núcleo familiar, trazendo novos doadores para os bancos de sangue. Ao mesmo tempo, é uma faixa etária que está conhecendo o mundo dos adultos, ainda em fase de crescimento, fazem atividades físicas, podem ter uma vida social com bons ou maus hábitos e realizando a primeira doação de sangue, uma atenção especial a prevenção das reações adversas, cuidados para evitar a depleção de ferro, melhor padronização do termo de consentimento do responsável, e outros aspectos, devem ser considerados antes de ampliar campanhas focadas nesse grupo especial.
ConclusãoSendo imprescindível que os estoques dos hemocomponentes se mantenham satisfatórios para suprir a demanda dos serviços de saúde, a inclusão do público adolescente ao grupo assíduo de doadores de sangue, bem como a utilização de mecanismos de conscientização se fazem necessárias para a fidelização destes candidatos, uma vez que integra o exercício da cidadania e corrobora para a assistência da saúde de pacientes que necessitam do processo transfusional, doando vida a quem mais precisa.