
Avaliar os efeitos da pandemia nos estoques de concentrado de hemácias e no número de coletas de sangue para transfusão, considerando o número de casos registrados de COVID-19 no Estado do Rio Grande do Norte, entre o período de janeiro de 2019 a dezembro de 2021.
MétodosFoi realizado um levantamento transversal, do número de unidades de Concentrado de Hemácias (CH) produzidos e distribuídos, no período de 2019 a 2021 no HEMONORTE, através dos registros do sistema HEMOVIDA, mês a mês, e comparados com os dados de casos positivos de COVID-19 notificados no Estado do Rio Grande do Norte, obtidos através do site da Secretaria de Saúde, SESAP/RN-LAIS-UFRN. Os números de coleta de sangue para transfusão foram obtidos através do sistema DATASUS-SIA/SUS e comparados com os dados das demais unidades da Federação do país e com a média Nacional do mesmo período.
ResultadosNo ano de 2020, no HEMONORTE, houve uma redução de -13% na produção de CH e de -10,7% de sua distribuição, quando comparados com os dados de 2019. No mês de maio/2019 houve a menor média de produção de CH, mesmo período do início da primeira onda de casos de COVID-19 no RN, que apresentou um acumulado de 20.596 casos positivos. Em Alguns estados da região Nordeste foi identificado os maiores percentuais de queda do número de coletas para transfusão (-16% MA, -16% PI, -14%CE, -13%RN, -13%PB, -11% BA) quando comparados com a redução Nacional (-9,3%) no ano de 2020 em relação as coletas do ano de 2019. No ano de 2021 houve um aumento na produção de CH quando comparado com o ano de 2019 e 2020, de +11% e +13% respectivamente no Estado do RN, que registrou um aumento na coleta de sangue para transfusão de +12,39%, maior que a recuperação Nacional (+4%) em relação ao ano de 2020.
DiscussãoEm resposta as medidas de isolamento social e o receio de contaminação, houve uma redução de candidatos a doação, afastamento de servidores classificados como grupo de risco e cancelamento de campanhas externas, o que impactou diretamente no número de coletas e na produção de concentrado de Hemácias no Hemocentro. Contudo a queda nas doações de sangue não implicou gravemente na indisponibilidade de sangue nos estoques devido ao adiamento de cirurgias eletivas aplicados em diversos momentos na rede hospitalar, monitoramento diário dos estoques, remanejamento de bolsas das unidades regionais, adoção de coletas com horários agendados, campanhas de incentivo a doação através das mídias sociais e televisivas, além de uma melhor efetividade na distribuição para o uso racional dos hemocomponentes.
ConclusãoApesar dos desafios enfrentados na gestão do estoque, as ações adotadas se mostraram efetivas durante a pandemia para atender a demanda transfusional dos pacientes do Estado do Rio Grande do Norte, bem como, auxiliar outros hemocentros da região Nordeste com o envio de hemocomponentes no mesmo período.