HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO estudo descreve as estratégias implementadas para otimizar o uso de hemocomponentes no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo- HOIOL, localizado em Belém/ Pará, sendo considerado o maior hospital de tratamento oncológico infantil do Brasil em número de leitos cadastrados, com 108 leitos de internação, incluindo 10 leitos de UTI, além de atendimento ambulatorial e de emergência, onde são realizadas em média 270 transfusões/ mês. A transfusão de sangue é essencial no tratamento de crianças com câncer, especialmente em pacientes com leucemia. No entanto, o uso indiscriminado pode levar a riscos desnecessários, escassez de estoque e aumento de custos. Diante desse cenário, demonstrou-se que, mesmo em um ambiente de alta demanda, é possível alcançar um uso racional e seguro de hemocomponentes por meio da adoção de protocolos rigorosos e ações educativas contínuas.
ObjetivosO principal objetivo foi demonstrar a viabilidade e eficácia de um programa de uso racional de hemocomponentes, seguindo protocolos de transfusão específicos para o perfil clínico do hospital, e as ações que vem sendo utilizadas continuamente para este fim.
Material e métodosTrata-se de estudo observacional, retrospectivo com abordagem quantitativa, do período de Janeiro 2018 a Janeiro de 2025, com avaliação do indicador de adesão ao protocolo de uso racional de hemocomponentes do HOIOL, que utiliza dados de auditoria de 100% das solicitações de transfusão, contidos nas planilhas do sistema informatizado da Agência Transfusional. A implementação do programa contou com protocolos de uso de hemocomponentes adaptados ao perfil de atendimento institucional, feitos em colaboração com as lideranças médicas de diversas especialidades. E as seguintes ações: Contínuos treinamentos e capacitações das equipes do serviço de hemoterapia e dos prescritores, enfatizando as indicações corretas, a escassez do recurso e os muitos riscos associados às transfusões, Reuniões do Comitê Transfusional e alta gestão para monitorar dados e definição de ações, e a avaliação de todas as solicitações de hemocomponentes, sob a orientação das médicas hemoterapeutas e do biomédico da agência transfusional, identificando prescrições inadequadas, garantindo que as transfusões sejam realizadas apenas quando clinicamente justificadas.
ResultadosA implementação dessas estratégias vem apontando para a adesão significativa da equipe prescritora, ao uso racional de hemocomponentes. Os indicadores institucionais mostram redução na média anual de transfusões, mesmo em um contexto de aumento do número de pacientes. Havendo assim menor exposição a transfusões e otimização dos estoques de hemocomponentes, diminuindo perdas e garantindo a disponibilidade para os casos de real necessidade. A comunicação entre as equipes médicas e a agência transfusional se tornou mais eficiente e colaborativa, fortalecendo a cultura de segurança do paciente.
Discussão e conclusãoAs estratégias de uso racional de hemocomponentes implementadas no HOIOL foram bem-sucedidas em estabelecer uma cultura de segurança e eficácia. A criação e o cumprimento de protocolos, a capacitação contínua das equipes, o envolvimento da alta gestão e a atuação de um comitê transfusional permitiram manter uma média mensal de transfusões controlada. Este estudo valida a premissa de que, mesmo em ambientes de alta demanda e complexidade, é viável e necessário adotar práticas que garantam o uso criterioso dos hemocomponentes, resultando em maior segurança para o paciente e uma gestão mais sustentável dos recursos.




