
A hematologia é uma especialidade clínica crucial para a população, lidando com o diagnóstico e tratamento de doenças sanguíneas. Apesar disso, apenas 0,7% dos médicos especialistas optaram por essa área, conforme a Demografia Médica Brasileira de 2023. Diante disso, estágios para alunos de graduação desde o início do curso de medicina são uma ferramenta para aumentar a exposição e o interesse dos estudantes na área.
ObjetivoDescrever a experiência de alunos de medicina do primeiro ao quarto ano nas vivências proporcionadas por estágios em ambulatório hematológico.
MétodosOs estágios foram oferecidos pela Liga Acadêmica de Hematologia e Hemoterapia (LAHEMO) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), sob supervisão da docente orientadora no Hospital Geral Clériston Andrade. O acompanhamento ocorreu uma vez por semana durante um ano (2023-2024), com rotações de dois alunos por dia. No total, cinco alunos participaram, abrangendo do primeiro ao quarto ano da graduação da UEFS.
Relato de experiênciaOs estagiários acompanharam os internos do curso da UEFS, supervisionados pela docente orientadora, nas consultas ambulatoriais. Nessas experiências, puderam observar e participar do raciocínio clínico, desde a anamnese e exame físico até a discussão dos casos com a professora. A condição mais frequentemente lembrada pelos estudantes foi a anemia, especialmente a anemia falciforme, altamente prevalente na Bahia e no Nordeste. Além disso, os alunos acompanharam casos mais complexos, como doença do enxerto.
DiscussãoA experiência prática foi inestimável para o desenvolvimento dos discentes. O início precoce, envolvendo alunos do primeiro e segundo ano, fomentou o interesse pela hematologia e os preparou com bagagem clínico-prática para o estudo teórico subsequente. Não só isso, o contato com a prática de anamnese e exame físico foi significativo para os alunos do ciclo básico e a discussão de casos reais auxiliou na consolidação do conhecimento no ciclo clínico. Além disso, a experiência incentivou os alunos a aprofundarem seus estudos individuais e coletivos sobre o tema – e a liga promoveu palestras e cursos sobre tópicos de maior interesse, como a interpretação de exames laboratoriais. Por fim, mesmo que nem todos os discentes sigam para a hematologia, a experiência aprimorou o conhecimento sobre o tema, o que há de ter impacto positivo na saúde da população – por exemplo, ao aumentar o contato com pacientes de anemia falciforme, prevalente na região da Universidade.
ConclusãoEm suma, a vivência discente no estágio ambulatorial em hematologia desempenhou um papel importante no desenvolvimento clínico e na motivação para o estudo teórico. O acompanhamento de casos reais e complexos despertou o interesse pela hematologia e capacitou os alunos para lidar com afecções frequentes na região, como a anemia falciforme. Além disso, a prática ajudou na consolidação do conhecimento teórico e incentivou o aprofundamento dos estudos, promovendo uma formação mais robusta e integrada, contribuindo significativamente para a preparação e consciência dos alunos.