
Nos últimos anos, vários estudos têm sido dedicados à compreensão dos efeitos da radiação ionizante sobre moléculas orgânicas, especialmente aquelas com potencial para aplicações médicas e farmacológicas. Devido à sua variedade, versatilidade e propriedades, os materiais poliméricos são a classe de materiais mais investigada no desenvolvimento de sistemas para aplicação na medicina. O polietilenoglicol (PEG) é um polímero quimicamente estável, regularmente utilizado em cosméticos e como carga em produtos farmacêuticos, pois o organismo o elimina sem metabolizá-lo. Além disso, as partículas de PEG escapam do reconhecimento e captura por células fagocíticas após a administração in vivo, permanecendo por um período prolongado na circulação sistêmica. Já o ácido polilático (PLA) é um poliéster alifático biocompatível e biodegradável, sintetizado a partir de recursos renováveis, como amido de milho ou cana-de-açúcar. Devido às sua taxa de degradação lenta e baixa toxicidade, o PLA tem sido amplamente utilizado em sistemas de liberação de fármacos. A combinação de PEG e PLA como copolímero (PLA-PEG) oferece um efeito sinérgico ao combinar a hidrofilicidade do PEG com a biodegradabilidade do PLA. O uso deste copolímero na área médica tem ocorrido de diversas formas, sendo de interesse principal estudar sua associação com nanopartículas de ouro (AuNPs) e a aplicação desses nanossistemas tanto para exames de imagem quanto para terapia. A utilização do copolímero PLA-PEG para a funcionalização superficial das AuNPs pode otimizar ainda mais o desempenho deste nanossistema, melhorando a estabilidade e permitindo um encapsulamento e liberação mais eficiente dos fármacos de interesse. A alta energia emitida por fontes radioativas causa a formação de radicais livres que podem se recombinar, levando a um rearranjo das cadeias poliméricas. Esse processo pode resultar em reticulação ou degradação do material irradiado.
ObjetivosO objetivo deste estudo é avaliar os efeitos da ativação neutrônica do complexo formado por AuNPs-SH-PEG-PLA, observando se ocorre radiólise desses polímeros ou alguma degradação nesse sistema. Este estudo também nos fornecerá informações sobre a dose mínima necessária para a ativação desse complexo, o que é de extrema importância não apenas para os pacientes, mas também para a proteção radiológica de todos os profissionais envolvidos no processo.
Materiais e MétodosA obtenção do nanossistema AuNPs-SH-PEG-PLA foi baseada na metodologia de Reena et al. (2017). O nanosistema foi irradiado no canal J9 com um fluxo de nêutrons de 10⁸ n.cm⁻²·s⁻¹ no reator Argonauta, com um tempo de irradiação de 2h para cada amostra. Foram obtidas 2 amostras, cada uma contendo uma alíquota de 3 ml do nanosistema. As amostras foram divididas de acordo com a dose aplicada, sendo que a primeira amostra não recebeu nenhum tipo de irradiação e as outras receberam 2,10 Gy.
ResultadosEm função do estágio inicial da pesquisa, os resultados e suas respectivas análises estão em andamento, conforme o planejado.
ConclusãoMesmo com os estudos ainda em andamento, o revestimento de AuNPs com PEG-PLA desenvolvido neste estudo tem potencial para ser uma ferramenta útil para a obtenção de nanomateriais funcionalizados adequados para posterior ligação a fármacos com atividade antitumoral ou para uso como agentes de contraste em diagnóstico.