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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S754-S755 (outubro 2024)
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DOAÇÃO DE SANGUE SEGURA: UM OLHAR SOBRE REAÇÕES ADVERSAS NO HEMOCENTRO/UNICAMP
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LNM Sales
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
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Este artigo faz parte de:
Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Objetivos

A reação adversa (RA) à doação de sangue é definida como uma resposta não intencional do doador associada à coleta de sangue. Apesar dos cuidados dispensados aos doadores, RAs ou efeitos desagradáveis podem ocorrer durante a doação. Essas reações podem ser classificadas com base no tempo de ocorrência, correlação com a doação, gravidade, tipo de doação e extensão (locais ou sistêmicas). A maioria das reações sistêmicas é caracterizada como “vasovagais”, podendo ser desencadeadas por fatores psicológicos, excitação, medo/apreensão, ou por respostas neurofisiológicas à doação. O objetivo deste estudo foi analisar os registros de RAs no Hemocentro/Unicamp em 2023.

Material e métodos

Realizamos um estudo documental, quantitativo e retrospectivo, com base nas estatísticas mensais de doações de sangue registradas no sistema informatizado do Hemocentro/Unicamp entre Janeiro e Dezembro de 2023. A amostra incluiu todos os doadores que apresentaram RAs sistêmicas, excluindo registros de RAs locais, fluxo lento, interrupção de fluxo e outros. A amostra final consistiu em 1451 registros. Coletamos os dados por meio de uma planilha com variáveis relevantes para a análise proposta.

Resultados

Durante o período de Janeiro a Dezembro de 2023, realizamos 65.500 coletas de bolsas de sangue. Dessas coletas, 64.049 (97,8%) ocorreram sem intercorrências, enquanto 1451 (2,2%) doadores apresentaram alguma intercorrência durante ou após a doação. A maioria desses doadores era do sexo feminino (63%). Em 1128 casos (78%), os doadores estavam doando sangue pela 1ªvez (49%) ou pela 2ªou 3ªvez (29%). As principais manifestações clínicas identificadas foram sensação de desconforto, ansiedade e fraqueza acompanhada de palidez (84,3%), sudorese (55,6%), tontura (65,8%) e náuseas (33%). Alguns doadores evoluíram com agravamento do quadro clínico, incluindo perda de consciência (10,5%), tetania (5,6%) e convulsão (0,41%). Dos doadores afetados, 917 (63%) tinham entre 16-30 anos. Quanto ao tempo de ocorrência, 1417 casos (97,3%) ocorreram antes do doador deixar o serviço, e quanto à gravidade, 1332 (91,8%) foram classificados como Grau 1 (leve).

Discussão

Observou-se o predomínio de RAs em mulheres, jovens e que haviam doado sangue entre 1 e 3 vezes, corroborando com dados da literatura. A maioria das RAs foi classificada como leve e ocorreu ainda no serviço. O baixo peso também está associado a maior risco, além do histórico prévio de RAs, com maior probabilidade de recorrência. Assim, estratégias de prevenção devem ser adotadas, como: Informar os doadores sobre o processo, orientar a hidratação prévia e manter o doador em repouso por alguns minutos após a doação. Além disso, observar sinais precoces de reações e agir prontamente. Em nosso serviço, acreditamos que há subnotificação de reações tardias, que ocorrem após o doador deixar o serviço. Com isso, desenvolvemos ações estratégicas, e uma delas foi promover a orientação e conscientização da equipe sobre a importância de incentivar os doadores a notificar todos os sinais/sintomas, independentemente do momento em que aparecem.

Conclusão

Embora a maioria dos doadores não apresente RAs durante ou após a coleta, alguns podem apresentar reações inesperadas. É essencial que todos os profissionais envolvidos estejam capacitados para reconhecer fatores preditores dessas reações. A análise retrospectiva dos dados do Hemocentro/Unicamp revela insights importantes sobre RAs à doação de sangue. A conscientização contínua, treinamento da equipe e estratégias preventivas são essenciais para garantir a segurança e o bem-estar dos doadores.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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