
Uma vez que há carência de registros oficiais brasileiros sobre a situação epidemiológica da anemia no nosso país, este estudo tem como objetivo demonstrar a prevalência de tal doença em um ambulatório de hematologia do sistema privado e verificar sua distribuição quanto ao sexo, idade, gravidade e etiologia.
Material e métodosFoi feita uma análise transversal descritiva, com coleta de dados secundários, dos prontuários de pacientes em primeira consulta de um ambulatório de hematologia da rede privada de Campinas/SP.
ResultadosForam selecionados 1422 pacientes, sendo 456 diagnosticados com anemia (32%), de faixa etária predominante entre 40-49 anos (21,7%), e com mulheres ocupando 77% da amostra. Na avaliação dos hemogramas, a média de hemoglobina foi de 10,52 g/dL, sendo na maioria dos casos anemias normocíticas e leves. Em relação à etiologia, 62,7% da amostra era ferropênica, e desta, 78,7% de origem hemorrágica. A segunda causa mais prevalente foi a anemia da inflamação (14,4%).
DiscussãoDe acordo com o presente estudo, a prevalência de anemia foi muito acima da preconizada pela OMS como aceitável (32% vs. 5%), porém apesar disso, esse dado é próximo ao da estimativa dessa Organização para o Brasil (aproximadamente 30%). Concordando com a literatura previamente existente, foi possível traçar um perfil epidemiológico da anemia no referido ambulatório, onde a maior parte dos anêmicos era do sexo feminino, em idade fértil, com quadro leve e causado por baixa reserva de ferro. No grupo etário acima de 65 anos, a anemia por inflamação foi proporcionalmente maior que em outros grupos, o que se justifica pela maior prevalência de comorbidades nesses pacientes.
ConclusãoOs dados obtidos neste trabalho concordam com outros previamente publicados na literatura médica, permitindo-nos inferir que em grande parte dos casos a anemia é uma doença evitável, sendo portanto possível a diminuição de sua prevalência.