
Analisar a distribuição de casos de doenças falciformes em relação ao índice de desenvolvimento humano (IDH) e à mortalidade infantil em um estado do nordeste brasileiro.
MétodosTrata-se de um estudo transversal realizado com os dados do único hemocentro do estado do Maranhão, Brasil. Dados sobre o diagnóstico, sexo, idade e município de residência dos pacientes atendidos nesse centro foram resgatados dos prontuários eletrônicos em 2024. Dados sobre IDH e mortalidade infantil municipais, obtidos do último censo demográfico do Brasil realizado em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, foram categorizados em IDH baixo/médio quando < 0.69 e mortalidade infantil média/alta quando > 10 óbitos a cada mil habitantes. Análise descritiva e bivariada por meio do teste Qui-Quadrado e Exato de Fisher foram empregadas.
ResultadosDos 1.736 pacientes atendidos no hemocentro do estado do Maranhão, 74 apresentaram dados perdidos em variáveis de interesse e foram excluídos da análise. Assim, a amostra total incluiu 1.662 indivíduos, dos quais 50,78% eram do sexo masculino e 67,49% eram oriundos da macrorregião norte do estado. A mediana da idade foi 16 (IQ25%:9; IQ75%:25). Quanto ao diagnóstico, 92.24% da amostra possuía anemia falciforme ou B-talassemia e 7.76% possuíam a doença em heterozigose. A análise bivariada demonstrou diferença significativa quanto a distribuição dos casos de doença falciforme conforme o IDH municipal; 70.76% desses pacientes residiam em municípios de IDH considerado baixo ou médio (p = 0.036). No entanto, não encontramos diferenças quanto a distribuição dos casos de anemia falciforme quando consideramos os índices de mortalidade infantil municipais (p = 0.24).
ConclusãoAs doenças falciformes afetam de forma desproporcional indivíduos que estão inseridos em contextos sociais mais desfavoráveis no estado do Maranhão, especialmente em municípios de baixo/médio IDH.