HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs leucemias agudas são doenças biologicamente heterogêneas que surgem através de células-tronco hematopoiéticas que sofrem mutações sequenciais que possibilitam a expansão das células progenitoras mutadas. O mecanismo de leucemogênese não é completamente compreendido, no entanto, fatores de risco como idade avançada, alterações genéticas como a trissomia do 21 e síndrome de Bloom, a instabilidade cromossômica como na Anemia de Fanconi, além de doenças hematológicas prévias, exposição a produtos químicos como o benzeno ou a exposição à radiação ionizante, o tabagismo e tratamentos prévios de câncer, aumentam as chances de desenvolvimento da doença.
ObjetivosAnalisar dados do DATASUS sobre pacientes com leucemia aguda no Brasil entre 2014 e 2024, traçando o perfil epidemiológico e de custos com o tratamento.
Material e métodosEstudo transversal, retrospectivo e descritivo, com dados secundários do DATASUS (CID-10: C91.0; C91.3; C92.0; C92.4; C92.5; C94.0 E C94.2) entre 2014 e 2024. Foram analisados internações, óbitos, mortalidade, letalidade, custo médio e variáveis sociodemográficas. As taxas foram padronizadas por 100 mil habitantes. Utilizou-se o software R (v.4.3.1) para análise estatística, aplicando correlação de Pearson e regressão linear simples (significância: p < 0,05).
ResultadosNo período, o SUS registrou 416.906 internações hospitalares por leucemia, com predomínio no sexo masculino (56,9%) e em crianças de 5 a 14 anos (31%). A maioria dos pacientes eram pardos (42,5%) ou brancos (40,9%). A distribuição regional evidenciou forte concentração no Sudeste com 41,7% das internações, 48,5% de todo o gasto brasileiro com os tratamentos e taxa de letalidade (6,70%) próxima da média nacional (6,55%). O Norte apresentou a maior letalidade hospitalar (7,19%) e o menor custo médio por internação (R$ 1.535,03). No Nordeste, segunda região com maior número de internações (26,4%), a letalidade foi de 6,27% e custo médio inferior à média nacional. As maiores taxas padronizadas de internação e mortalidade ocorreram no Sul (258,2) e Sudeste (195,4), enquanto o Norte apresentou a menor (137,0). O Centro-Oeste teve a menor letalidade com 5,80%. A regressão linear entre o custo médio por internação e a taxa de óbito entre as regiões apontou uma tendência positiva. O coeficiente de determinação (R2 = 0,61) sugere que 61% da variação na taxa de óbito pode ser explicada pelo custo médio, embora sem significância estatística (p = 0,119).
Discussão e conclusãoOs dados revelam disparidades regionais significativas no cuidado hospitalar de pacientes com leucemia no Brasil. A concentração de casos em crianças e adolescentes do sexo masculino, reforça o perfil epidemiológico da LLA, subtipo mais comum nessa faixa etária. O Sudeste apresenta o maior número de internações e gastos dentre todos os tipos de leucemias agudas, o que pode refletir maior oferta de serviços. Já o Norte e Nordeste, com os menores custos e maior letalidade, apontam possíveis falhas no diagnóstico precoce e no acesso ao tratamento. Estados como Amapá (21,2%) e Maranhão (18,8%) registraram as maiores letalidades, indicando a necessidade de políticas públicas focadas em equidade regional. A relação entre custo e mortalidade, embora não significativa, pode refletir maior gravidade clínica ou uso ineficiente de recursos. A relação entre custos, letalidade e desfechos é complexa e depende da biologia da doença, contexto regional, estrutura dos serviços e agilidade no acesso e início do tratamento.




