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Vol. 43. Núm. S1.
Páginas S425 (Outubro 2021)
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DIAGNÓSTICO DE LEISHMANIOSE VISCERAL EM MEDULA ÓSSEA A PARTIR DE SUSPEITA DE NEOPLASIA MALIGNA: RELATO DE CASO
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MS Vieiraa,b, NA Marcondesb, BM Spindlerb, LD Olivob,c, FB Fernandesb
a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, RS, Brasil
b Laboratório Zanol, Porto Alegre, RS, Brasil
c Universidade FEEVALE, Nova Hamburgo, RS, Brasil
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Vol. 43. Núm S1
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Introdução

A leishmaniose visceral (LV) é uma doença crônica que acomete os órgãos internos, principalmente o baço, fígado, medula óssea e linfonodos. É causada por um protozoário do gênero Leishmania, transmitido ao homem pela picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas. O indivíduo com LV pode apresentar febre prolongada, dor abdominal, perda de peso, esplenomegalia, hepatomegalia, leucopenia, anemia, hipergamaglobulinemia e estimulação policlonal de linfócitos B. Essas manifestações são comuns também em algumas doenças neoplásicas, podendo ocasionar uma suspeita diagnóstica equivocada. A Organização Mundial de Saúde recomenda que a investigação de uma possível neoplasia se dê pela análise em conjunto da morfologia de sangue periférico, medula óssea ou biópsia de medula, pela imunofenotipagem e análises genéticas. O diagnóstico laboratorial de LV ocorre usualmente pela utilização de testes imunológicos, principalmente pelo ensaio imunoenzimático (ELISA). Métodos moleculares e a pesquisa do parasita em materiais provenientes de biópsia ou punção também são empregados, entretanto com menor frequência.

Objetivos

Relatar casos de leishmaniose identificados em pacientes com suspeita de neoplasias malignas e evidenciar a necessidade da análise conjunta de diferentes metodologias para diagnóstico dessas condições.

Relato de caso 1

Paciente masculino com 62 anos, apresentando pico monoclonal e imunoglobulina G aumentada (4.500 mg/dL). A análise do medulograma revelou maturação normal das três séries, sem aumento de blastos e com presença de células de mott, frequentes em casos reativos e em doenças plasmocitárias. Além disso, observou-se 12,5% de plasmócitos, achado sugestivo de mieloma de células plasmáticas. Entretanto, a imunofenotipagem da medula óssea por citometria de fluxo demonstrou 5% de plasmócitos com imunofenótipo normal e a relação kappa/lambda mantida nas populações de plasmócitos e linfócitos B. Foram identificados elementos estranhos à medula óssea no exame anatomopatológico. Foi realizada revisão do medulograma, observando-se raros macrófagos contendo formas amastigotas de Leishmania sp.

Relato de caso 2

Paciente masculino com 2 anos de idade, apresentava pancitopenia e esplenomegalia. Realizou-se imunofenotipagem por citometria de fluxo da medula óssea por suspeita de leucemia aguda, em que não foi identificada população imatura e/ou de imunofenótipo aberrante. A análise morfológica da medula óssea evidenciou formas amastigotas sugestivas de Leishmania donovani fagocitadas por macrófagos e presentes no meio extracelular, possibilitando o diagnóstico de leishmaniose visceral.

Conclusão

A semelhança das características clínicas apresentadas pelos indivíduos com as encontradas em neoplasias malignas ocasionou um entendimento equivocado da real patologia que os acometia, sendo possível um diagnóstico correto apenas pela combinação da análise morfológica e imunofenotipagem. Os casos descritos demonstram a necessidade do diagnóstico de neoplasias pelo emprego de diferentes metodologias e a importância da análise conjunta da morfologia e imunofenotipagem, bem como a relevância de se considerar a LV como possível diagnóstico em caso de inconsistências nos achados clínicos e/ou laboratoriais.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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