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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 1937
Acesso de texto completo
DETECÇÃO DE CÉLULAS TUMORAIS PLASMOCITÁRIAS CIRCULANTES POR CITOMETRIA DE FLUXO DE PRÓXIMA GERAÇÃO NO DIAGNÓSTICO DO MIELOMA MÚLTIPLO: ASSOCIAÇÃO COM ESTADIAMENTOS CLÍNICOS
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106
EMD Coutoa, ES Barbosaa, ABS Salgadoa, RM Pontesb, RJP Magalhãesa, A Maiolinoa, ES Costaa
a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
b Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), Brasília, DF, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia hematológica caracterizada pela proliferação clonal multifocal de plasmócitos (PC) na medula óssea (MO), com grande heterogeneidade clínica e biológica. A quantificação desses plasmócitos, realizada por biópsias e aspirados de MO, permanece como padrão-ouro conforme as diretrizes do International Myeloma Working Group (IMWG). Estudos recentes sugerem que a detecção de CTPCs (do inglês, Circulating Tumor Plasma Cells), especialmente por citometria de fluxo de próxima geração (NGF), oferece um biomarcador sensível da carga tumoral sistêmica, associando-se a maior risco de progressão e piores desfechos clínicos. Uma análise europeia recente apresentada no EHA 2025 com mais de 2.400 pacientes confirmou que níveis crescentes de CTPCs se correlacionam de forma independente com sobrevida livre de progressão inferior, mesmo em subgrupos com citogenética padrão ou regimes terapêuticos modernos.

Objetivos

Avaliar a frequência de detecção de CTPCs por NGF em pacientes com MM recém-diagnosticado e sua associação com os sistemas prognósticos clínicos ISS e Durie- Salmon, investigando seu potencial valor como marcador de risco.

Material e métodos

Ao diagnóstico, foram analisadas 18 amostras pareadas de MO e SP por citometria de fluxo (NGF) para detecção de PC clonais na MO e CTPC no SP. Todas as amostras foram processadas de acordo com os protocolos Euroflow (www.euroflow.org) e marcadas com o painel de dois tubos de 8 cores, NGF para MM (BD Biosciences). Para a análise do SP, foram adquiridos ≥ dez milhões de eventos por amostra utilizando o FACS Canto II (BD Biosciences) ou FACS Lyric (BD Biosciences). As análises foram realizadas através do software Infinicity™.

Resultados

Entre os 18 pacientes avaliados, 13 (72%) apresentavam MM, 3 (17%) gamopatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS) e 2 (11%) mieloma assintomático (SMM). Todos apresentaram plasmócitos clonais na MO. As CTPCs foram detectadas em 10 dos 13 pacientes com MM (77%) e em 2 dos 3 pacientes com MGUS (67%), estando ausentes nos casos de SMM. Entre os pacientes com MM, a presença de CTPCs foi observada em 2/3 (66,7%) com ISS I (faixa: 0,0025–0,01%), 4/6 (66,7%) com ISS II (0,002–0,30%) e 4/4 (100%) com ISS III (0,001–1,50%). Pela classificação de Durie-Salmon, CTPCs foram detectadas em 1/2 (50%) dos casos com DS IIA (0,02%), 8/9 (89%) com DS IIIA (0,001–1,50%) e 1/1 (100%) com DS IIIB (0,006%).

Discussão e conclusão

A detecção de CTPCs por NGF foi frequente entre pacientes com MM ao diagnóstico, inclusive em estágios iniciais segundo o ISS, o que sugere seu potencial como marcador adicional de carga tumoral. A maior frequência e carga observadas em pacientes com ISS III e DS III reforçam sua possível associação com doença mais avançada. Embora este estudo não tenha avaliado desfechos clínicos como sobrevida, os achados estão alinhados com estudos prévios que indicam correlação entre níveis elevados de CTPCs e maior agressividade biológica da doença. A NGF demonstrou ser uma ferramenta sensível e viável para essa avaliação. Estudos prospectivos com maior número de casos e análise de prognóstico serão necessários para validar o papel das CTPCs como biomarcador complementar nos sistemas de estadiamento atuais.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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