HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO dasatinibe (DASA) é um inibidor de tirosina quinase (TKI) de segunda geração, aprovado no Sistema Único de Saúde para pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC) resistentes ou intolerantes ao imatinibe. Dados reais do DASA em LMC são limitados, especialmente em países de renda média.
ObjetivosDescrever dados clínicos, resposta, eventos adversos e sobrevida de pacientes com LMC tratados com DASA e redução de dose em FC na 2ª linha.
Material e métodosEstudo retrospectivo, observacional. Inclusão: pacientes tratados com DASA em segunda ou terceira linha (2005–2025) em centro único. Dados clínicos e laboratoriais, terapias prévias, resposta e eventos adversos foram coletados. Eventos adversos foram classificados pelo CTCAE v5.0. Sobrevida global (SG), livre de progressão (SLP) e livre de eventos (SLE) foram estimadas por Kaplan-Meier, a partir da data de início do dasatinibe.
ResultadosEntre maio de 2005 e janeiro de 2025, 159 pacientes com LMC foram tratados com DASA, sendo 142 em segunda linha e 17 em terceira linha. A mediana de idade ao diagnóstico foi 48 anos (18–83), e 53 (18–83), no início do DASA; 55% homens, diagnóstico da LMC na FC (82%). No início do tratamento com DASA, 112 pacientes estavam em FC (70%) e 42 (26%) em fases avançadas. Todos receberam imatinibe em primeira linha, um paciente recebeu nilotinibe. A troca da 1a linha para DASA ocorreu por intolerância (n = 108; 76%) ou resistência (n = 34; 24%). Entre pacientes com uso de DASA em 3ª linha, 47% (n = 8) trocaram a 2a linha por intolerância, 24% (n = 4) por resistência e 29% (n = 5) por outros motivos. A dose inicial foi 100 mg/dia para FC e 140 mg/dia para fases avançadas. No grupo total tratado com DASA em segunda linha, 120 pacientes (84%) alcançaram resposta hematológica completa (RHC), 65 (88%) resposta citogenética maior, e 52 (70%) resposta citogenética completa (RCC). Entre 67 pacientes avaliados, 61 (92%) atingiram resposta molecular maior (RMM). Todos os pacientes tratados com DASA em terceira linha atingiram RHC, 10 (58%) alcançaram RCC e 9 (52,9%) RMM. As taxas de SG, SLP e SLE foram de 64%, 60% e 32% no grupo de segunda linha, e 72%, 67% e 47% no grupo de terceira linha, respectivamente (P = NS). Foi necessário redução de dose em 45/97 pacientes em FC na 2ª linha com DASA, sem prejuízo das respostas hematológica, citogenética ou RMM. SG, SLP e SLE foram 87%, 79% e 42% vs. 88%, 77% e 33% (p = NS). Eventos adversos ocorreram em 56% dos pacientes na 2ª linha e 35% na 3ª. Na 2ª linha, a neutropenia grau III/IV foi observada em 9 dos 142 pacientes (13,3%) e a trombocitopenia em 30 de 142 (21%). Toxicidades não hematológicas ocorreram em 61% da 2ª linha e 100% da 3ª. Na 2ª linha, os mais frequentes foram: derrame pleural (DP; n = 30; 18%), toxicidade hepática (n = 10; 7%), reações cutâneas (n = 10; 7%), hipertensão pulmonar (HP; n = 6; 4,2%) e sintomas gastrointestinais (n = 6; 4%). Na 3ª linha, 2 tiveram toxicidade hepática, 2 DP e 3 HP. 95 pacientes descontinuaram DASA em segunda linha por: resistência (n = 40; 42%), intolerância (n = 31; 33%), óbito (n = 16; 17%), gravidez (n = 3; 3%), perda de seguimento (n = 3; 3%) e outros (n = 2; 2%).
Discussão e conclusãoDASA foi eficaz e seguro como 2ª linha e uma alternativa como 3ª linha na ausência de TKIs de 3ª geração. Derrame pleural e toxicidades hematológicas foram os eventos adversos mais frequentes. A redução de dose não afetou eficácia nem sobrevida, sustentando o DASA como alternativa eficaz na prática clínica.




