
A Avaliação Externa da Qualidade (AEQ) é uma ferramenta do Ministério da Saúde, gerenciada pela Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados, a qual é responsável por promover o envio gratuito e regular de avaliações práticas e teóricas para a rede de serviços de hemoterapia brasileira que atendem ao SUS.
ObjetivoAvaliar o desempenho dos serviços de hemoterapia participantes da AEQ em Sorologia (AEQ Soro) na triagem sorológica dos doadores de sangue.
MetodologiaForam avaliados os resultados reportados pelos participantes na plataforma digital (Sistema AEQ) referente ao período de outubro de 2021 a janeiro de 2023. Neste período foram enviados aos 63 serviços de hemoterapia participantes da AEQ Soro 3 avaliações práticas, sendo cada uma composta por 3 conjuntos contendo 6 amostras de plasma, reativas ou não para os seguintes marcadores: primeiro conjunto, anti-HIV 1/2 O, anti-HTLV I/II e doença de Chagas; segundo conjunto, hepatites B e C e o terceiro conjunto, sífilis. Foram analisados os resultados reportados por 97,40% dos serviços participantes. Os resultados Falso Positivos (FP), Falso Negativos (FN) e Indeterminados (I) foram calculados de acordo com o número de resultados reportados em cada marcador e metodologia utilizados por todos os serviços.
ResultadosAs metodologias utilizadas foram Quimioluminescência (CMIA), Eletroquimioluminescência (ECLIA) e Ensaio Imunoenzimático (ELISA/EIA/EIE) para os marcadores HIV, HTLV, doença de Chagas, HBsAg, HBc, anti-HCV e sífilis treponêmico, além do teste Imunocromatográfico e RPR, USR e VDRL para sífilis não treponêmico. A metodologia CMIA foi utilizada por 72% dos participantes para todos os marcadores, exceto sífilis não treponêmico, cuja principal metodologia empregada foi o VDRL. Foram observados 5 resultados FP nas 3 avaliações, sendo: na AEQ-56 2 (3,03%) para HBsAg ECLIA; na AEQ-57 1 (0,3%) para HBc CMIA e 1 (1,04%) para sífilis VDRL; e na AEQ-58 1 (0,32%) para HIV CMIA. Foram observados 5 resultados FN, sendo: na AEQ-57 1 (5,56%) para Chagas EIA; e na AEQ-58 2 (0,64%) para HIV CMIA e 2 (2,17%) para sífilis VDRL. Foram observados também, na AEQ-58 4 (1,23%) resultados I para Chagas CMIA. Em relação à automação das metodologias, 30% dos serviços que trabalham com método imunoenzimático, o utilizam de maneira semiautomatizada/manual para HIV e anti-HBc, 44% para HTLV e Chagas, 24% para HBsAg e HCV. Em relação as metodologias CMIA e ECLIA, foi utilizada automação completa em 100%, bem como para sífilis não treponêmico que, também, foi 100% semi-automatizada/manual. Quanto ao desempenho geral, 0,3% dos resultados para os marcadores HIV, Chagas, HBc CMIA apresentou discordância (2FP, 2FN, 4I); 1% dos resultados para o marcador HBsAg ECLIA apresentou discordância (2FP); 2% dos resultados para o marcador Chagas ELISA apresentaram discordância (1FN); 1% dos resultados para o marcador sífilis não treponêmico VDRL apresentou discordância (1 FP, 2FN).
DiscussãoOs resultados discordantes podem estar relacionados a todas as fases do processo de triagem sorológica, alertando à necessidade de aprimorar as ferramentas de controle interno já utilizadas pelo serviço.
ConclusãoDesta forma, considerando que a AEQ é uma importante ferramenta de autoavaliação para aprimoramento dos SH, seus gestores precisam avaliar os respectivos resultados, as causas e impactos dos desvios e propor ações corretivas e preventivas.