
Anemia é definida como a diminuição da concentração de hemoglobina no sangue e raramente é uma doença por si só. As condições que levam à anemia incluem deficiência de eritropoiese, hemólise e perda sanguínea. Diagnosticar e tratar anemia severa em hospitais de pequeno porte representa um desafio significativo devido à limitação de recursos e à dificuldade de acesso a especialistas. Este relato descreve o caso de uma mulher com anemia severa, destacando os desafios no diagnóstico e tratamento em um ambiente com recursos limitados. Informações foram coletadas por meio de registros de prontuário e exames laboratoriais, respeitando os princípios éticos de pesquisa.
Relato do casoUma mulher de 36 anos foi admitida em um hospital de pequeno porte no Leste de Minas Gerais com dispneia, dor abdominal e anemia grave. Inicialmente, o diagnóstico não foi definido, e a paciente apresentou um quadro arrastado. Recebeu várias hemotransfusões, tratamento para infecção urinária e toracocentese para derrame pleural, evoluindo para insuficiência respiratória e intubação orotraqueal. Após cerca de um mês, foi transferida para um hospital de média complexidade em Ipatinga. Na unidade de terapia intensiva, a paciente manteve anemia grave (hemoglobina de 4,3g/dL na admissão), derrame pleural, doença renal (creatinina 3,16mg/dL) e adenomegalias. As hipóteses diagnósticas incluíam síndrome hemofagocítica, microangiopatia, neoplasia hematológica e colagenose. Foram solicitados exames de imagem, laboratoriais e coleta de mielograma. A paciente foi acompanhada pelas equipes de terapia intensiva, infectologia, hematologia e nefrologia. Exames realizados: Tomografia de tórax: Derrame pleural bilateral, mais volumoso à direita, com atelectasia, derrame pericárdico e linfonodos mediastinais de dimensões limítrofes, adenomegalias axilares. Tomografia de abdome: Pequeno acúmulo de líquido na cavidade pélvica, linfonodos inguinais de dimensões limítrofes, fígado e baço em alterações. Mielograma: Hemodiluído. Sorologias: HIV, hepatite B e C, HTLV e leishmaniose negativas. FAN: Reagente 1/1280, nuclear pontilhado grosso. Coombs direto: Positivo. Anti-DNA: Reagente 1:80. LDH: 321 (VR: 125-220 u/l). Esquizócitos: Negativos em sangue periférico. O diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) foi estabelecido. A paciente recebeu pulsoterapia com metilprednisolona, apresentando melhora gradativa. Manteve corticoterapia oral, foi submetida a traqueostomia e posteriormente a oclusão com retirada de ventilação mecânica, adaptando-se bem à dieta oral. Recebeu alta hospitalar no mês seguinte com orientação de manter acompanhamento ambulatorial rigoroso com reumatologista.
ConclusãoO presente relato ilustra o caso de uma mulher jovem com uma doença grave e risco de evolução desfavorável. Além disso, expõe a batalha dos profissionais dos hospitais de pequeno porte para a transferência de pacientes críticos para locais com especialistas e exames mais complexos, para correta definição diagnóstica e tratamento. O caso demonstra as dificuldades no diagnóstico de anemia grave e a necessidade de avaliação e acompanhamento de várias especialidades médicas e uma abordagem multidisciplinar para obter o melhor atendimento para o paciente. Felizmente, neste caso, a paciente apresentou evolução favorável e alta para domicílio com boa resposta ao tratamento.