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Vol. 43. Núm. S1.
Páginas S241-S242 (Outubro 2021)
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DESAFIOS NO DIAGNÓSTICO DA DEFICIÊNCIA DE PROTEÍNAS C E S
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C Peixoto, C Câmara, MM Deveza, A Beleza
Serviço de Imunohemoterapia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHLN), Lisboa, Portugal
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Introdução

A proteína C (PC) e a proteína S (PS) são duas proteínas plasmáticas dependentes da vitamina K que atuam em conjunto como um sistema anticoagulante natural. As deficiências de PC e PS são duas condições clínicas que predispõem a eventos tromboembólicos, podendo ser hereditárias ou adquiridas. Vários fatores podem interferir nas concentrações plasmáticas de PC e PS, como o estado inflamatório, idade, sexo, e terapia com antagonistas da vitamina K (AVK).

Caso clínico

Uma mulher de 59 anos encontrava-se hipocoagulada com varfarina desde o diagnóstico de uma trombose venosa idiopática do membro inferior esquerdo aos 44 anos de idade. À data do diagnóstico da trombose, foi realizado um estudo de trombofilias, que demonstrou diminuição da atividade de PC e PS livre: 55% (referência 70-130%) e 23% (referência 53-109%), respetivamente. Foi assumida uma trombofilia hereditária importante devido a deficiências conjugadas de PC e PS e, de acordo com as recomendações atuais, manteve-se hipocoagulada com um AVK indefinidamente. Recentemente, foi diagnosticado um carcinoma lobular invasivo e foi seguida na nossa consulta regularmente por apresentar sistematicamente níveis supraterapêuticos de INR. Devido à neoplasia ativa em doente sob quimioterapia e com níveis de INR descontrolados, decidiu-se alterar o AVK por uma heparina de baixo peso molecular (HBPM), que apresenta menor incidência de interações farmacológicas com os quimioterápicos.

Discussão

Uma vez que a combinação de deficiências hereditárias de PC e PS é muito rara, particularmente em casos sem história familiar de trombofilia ou tromboembolismo, o diagnóstico de trombofilia hereditária foi questionado. Para diminuir as possíveis interações com os resultados laboratoriais, a HBPM foi suspensa durante 24 horas e procedeu-se à quantificação dos níveis de atividade de PC e PS livre, que demonstraram níveis normais de PC e PS (127% e 59%, respetivamente), concluindo-se que a doente afinal não tinha uma trombofilia. Ao fim de 15 anos de hipocoagulação com varfarina – um fármaco com múltiplas interações alimentares e medicamentosas conhecidas e que, neste caso, levou a múltiplas intoxicações dicumarínicas – foi possível suspender a terapêutica.

Conclusão

Os AVK são uma das principais causas de deficiências adquiridas de PC e/ou PS. Apesar disso, e de outras desvantagens associadas aos AVK, ainda são amplamente utilizados como tratamento anticoagulante. Portanto, devemos ter em consideração a interferência dos hipocoagulantes e do estado inflamatório agudo nos controlos analíticos realizados e a necessidade de repetir resultados de testes anormais para confirmação de diagnósticos, especialmente na ausência de história familiar.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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