HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosEm 2025, o Rio Grande do Norte enfrentou um desafio significativo no sistema de doação de sangue com o fechamento do único banco de sangue privado do estado. A partir desse evento, a responsabilidade de garantir os estoques necessários para atender integralmente às demandas do SUS e, de forma complementar, às do setor privado passou a ser do Hemonorte, banco público estadual. Essa sobrecarga nas atividades de coleta, produção e distribuição de sangue impactou diretamente a segurança dos estoques, levando à necessidade de apoio de hemocentros públicos vizinhos para suprir lacunas em períodos críticos.
ObjetivosAnalisar os desafios enfrentados pelo Hemonorte na manutenção de estoques seguros de sangue durante os períodos de baixa em 2024 e 2025, avaliar a crescente dependência de hemocentros vizinhos e discutir as implicações dessa sobrecarga para a continuidade dos serviços de transfusão.
Material e métodosFoi realizada uma análise retrospectiva dos dados de doação, produção e distribuição de concentrado de hemácias do Hemonorte nos primeiros semestres de 2024 e 2025. Os dados foram obtidos do sistema HEMOVIDA, incluindo o número de doações, bolsas produzidas e distribuídas, e a ocorrência de situações críticas de baixa nos estoques. Também foram analisados os registros de recebimento de bolsas de hemocentros públicos vizinhos durante os períodos de escassez.
Discussão e conclusãoEm 2024, o Hemonorte registrou 23.664 doações, com a produção de 22.818 bolsas de concentrado de hemácias (96,4%) e a distribuição de 19.199 bolsas (81,1%). Em 2025, foram 24.428 doações, resultando em 23.768 bolsas produzidas (97,3%) e 21.849 distribuídas (89,4%). Apesar do aumento de 7% na produção e 12% na distribuição em relação a 2024, os estoques permaneceram vulneráveis, especialmente nos meses críticos como junho, quando os níveis ficaram abaixo do recomendado. Nessas ocasiões, foi necessário o suporte de hemocentros do Ceará, Pernambuco e Paraíba. A sobrecarga decorrente do fechamento do banco privado expôs fragilidades do sistema estadual. Embora o Hemonorte tenha aumentado sua capacidade de coleta e produção, o crescimento da demanda superou esse esforço. A dependência frequente de outros estados revelou a insuficiência da atual infraestrutura para garantir a autossuficiência do RN em hemocomponentes. Fatores sazonais, emergenciais e estruturais exigem revisão no modelo de gestão dos estoques e adoção de estratégias de contingência mais eficazes. A experiência de 2024 e 2025 evidenciou a vulnerabilidade do sistema de sangue no RN e a urgência em adotar medidas estruturais que assegurem estoques seguros. Entre elas, destacam-se a diversificação das fontes de coleta, o fortalecimento da logística do Hemonorte e o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce e colaboração interestadual. O fortalecimento dessas ações é essencial para garantir a continuidade e a segurança na oferta dos serviços de transfusão.
ReferênciasPolítica Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. RDC n° 34, de 11 de junho de 2014. Dispõe sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação n° 5, de 28 de setembro de 2017. Anexo IV – Diretrizes do Componente Sangue da Rede de Atenção às Urgências e Emergências.




