Introdução: A logística sempre teve papel fundamental na área da saúde, distribuindo medicamentos, vacinas e diversos insumos para o acesso à saúde e assistência. Na última década, a logística passou a ser um ponto estratégico na hemoterapia, através do transporte de amostras de doadores e de hemocomponentes (H). No cenário da pandemia as malhas aéreas e terrestres do país foram reduzidas significativamente, a escassez de voos e veículos trouxe efeitos secundários como superlotação de cargas nas transportadoras, gerando grandes atrasos, cortes de cargas e até a suspenção de atendimento. Diante deste cenário, manter os estoques de H em níveis seguros foi um grande desafio enfrentado pelo grupo H.Hemo. Objetivo: Estabelecer uma rotina de acompanhamento dos estoques e logística de transporte a fim de atender as necessidades do Grupo em período de pandemia da COVID-19. Materiais e métodos: Foram criados controles diários para avaliação de doações × estoque × transfusões. Desta forma, as unidades operacionais puderam acompanhar o seu desempenho e o cenário local, enquanto a H.Hemo fazia uma análise global do país, otimizando os estoques para garantir integralmente o fornecimento dos H e minimizar desperdícios. O acompanhamento em tempo real de toda malha logística, associada à parceria direta com companhias aéreas e terrestres para maior previsibilidade dos horários e cancelamentos de voos, bem como a criação de rotas de contingência foi fundamental. A localização das unidades operacionais da H.Hemo em todo o país possibilitou que trabalhássemos simultaneamente em diferentes fases da pandemia. A escassez de doadores foi monitorada de perto, e a mobilidade do estoque foi utilizada como ferramenta para suprir as unidades mais prejudicadas a cada momento. Resultados: Em meados de março, diante de um cenário incerto e queda natural no n° de doações, intensificamos a captação de doadores para atingir níveis de estoque seguros. Nas 3 primeiras semanas, o n° de doações aumentou 15% em relação à média histórica. Esta ação resultou na manutenção e aumento dos níveis de estoque, com transfusões (TF) estáveis. Entre as semanas 4 e 7, a análise indicou queda de 20% no n° de TF, o que desencadeou a ação de frear as doações e focar na captação seletiva de doadores do grupo O. Neste período houve uma queda de 30% no n° de doações. A partir da 9ª semana as TF retornaram ao nível pré-pandemia, retomamos a captação, e encerramos maio com o mesmo padrão de doações e TF do mês de fevereiro. O cenário estabelecido entre as semanas 13 e 16 foi de aumento de TF – na faixa de 8%, exigindo o aumento do n° de doações (10%). O período que compreende as semanas 17 a 20 (julho), foi o mais crítico para a doação de sangue desde o início da pandemia: aumento médio de 15% nas TF em relação ao período pré-pandemia, porém com n°de doadores aquém do necessário. Esta combinação levou o estoque a níveis críticos e emergenciais. Durante todo o período analisado, foram movimentados mais de 40.000 H entre as unidades do Grupo H.Hemo, com a criação de novas rotas de contingência, aéreas e terrestres. Conclusão: A logística foi um fator determinante para a continuidade no fornecimento de hemocomponentes durante o período analisado da pandemia da COVID-19. O acompanhamento diário, movimentação de estoques e criação de rotas de contingência garantiu a manutenção dos estoques, sem aumento de descartes e prejuízo das rotinas de atendimento aos pacientes assistidos pelo grupo H.Hemo.
Informação da revista
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 354-355 (novembro 2020)
Vol. 42. Núm. S2.
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DESAFIOS LOGÍSTICOS E OPERACIONAIS PARA A MANUTENÇÃO DOS ESTOQUES DE SANGUE DURANTE A PANDEMIA DA COVID19
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V. Simoni, R.G. Esteves, R. Haddad, G.C. Duarte, M.A.P. Ottoboni, R.S.M. Toledo
H.Hemo Hemoterapia Brasil SA, Pacaembu, SP, Brasil
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