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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
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HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 2886
Acesso de texto completo
DESAFIOS DIAGNÓSTICOS EM LEUCEMIA AGUDA INDIFERENCIADA: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA
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VDC Queiroz, P Vicari, ACP Silva, ADC Vaz, KMDS Lacerda, JTMD Oliveira, D Ramadan, S Tufik
AFIP, São Paulo, SP, Brasil
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HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A classificação das leucemias agudas da OMS é baseada em aspectos morfológicos e imunofenotípicos para estabelecer a linhagem e grau de maturação. O primeiro consenso de classificação de leucemias de fenótipo ambíguo foi proposto pelo EGIL (European Group for Immunophenotyping of Leukemia) que atribuía um valor de 0,5 a 2 pontos para cada marcador associado a linhagem mieloide e linfoide expresso nos blastos. Para estabelecer linhagem era necessário atingir um escore de >2 pontos. Em 2008, revisado em 2016 e 2022, a OMS propôs um algoritmo simplificado para definir linhagem e diagnóstico de leucemias de fenótipo misto, que se baseia em marcadores específicos de cada linhagem. A Leucemia Aguda Indiferenciada (LAI) é um subtipo raro de leucemia aguda, caracterizada pela falta de expressão de antígenos de linhagem mieloide e linfoide, frequentemente expressando CD56 ou CD7. Em alguns casos o diagnóstico diferencial com Leucemia Mieloide Aguda (LMA) com mínima diferenciação pode ser desafiador.

Descrição do caso

Paciente de 13 anos, feminino, encaminhada ao hematologista com massa mediastinal, derrame pleural, hepatomegalia, leucocitose 114.140 células/mm3, 60% de blastos, Hb 13 g/dL, plaquetas 95.000/mm3, fibrinogênio 94 mg/dL, DHL 557 U/L, ácido úrico 9,5 mg/dL. Em mielograma foi observado 86% de formas imaturas sem granulação evidente. Na imunofenotipagem presença de 87% de células com expressão de CD2, CD5, CD7, CD9, CD11b, CD38, CD45 moderado, CD71, CD79a, CD105, CD117 fraco, HLA-DR, e negativo para CD1a, CD3s, CD3cy, CD4, CD8, CD10, CD13, CD14, CD15, CD19, CD20, CD22, CD24, CD33, CD34, CD36, CD56, CD57, CD58, CD64, CD81, CD86, CD123, CD203c, IREM-2, TdTcy e MPOcy. Cariótipo normal em 20 metáfases.

Conclusão

Em um estudo que comparou LAI e LMA com mínima diferenciação foi observado que a mutação PHF6 e a expressão de TdT são mais frequentes na LAI, já a LMA com mínima diferenciação apresenta expressão mais frequente de CD123. Dados de desfecho não mostraram diferenças entre as taxas de sobrevida global, sobrevida livre de recaída e taxa de remissão completa entre a LAI e LMA com mínima diferenciação. O Transplante de Células Tronco Hematopoéticas (TCTH) para LMA com alterações relacionadas a mielodisplasia mostrou piores taxas quando comparadas com LAI e LMA com mínima diferenciação. Estudos mostram que as LAI respondem melhor a protocolos de tratamento de Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) do que a protocolos de LMA e tem melhor desfecho pacientes que são submetidos ao TCTH. Foi descrita alta frequência das alterações BAALC, ERG e MN1 com ausência de WT1. A mutação PHF6 é frequentemente descrita nas LAI, e está mais envolvida em casos de LLA-T e infrequente em LMA. Análise por NGS revela que outras mutações frequentes em LAI incluem SRSF2, RUNX1, ASXL1 e BCOR. A primeira é mais comum em LAI que LMA, porém as 3 últimas respaldam a origem mieloide desta entidade, visto que são alterações raras em leucemia de linhagem linfoide. Por vezes o diagnóstico diferencial das Leucemias Agudas pode ser desafiador, tanto no panorama das Leucemias Agudas de fenótipo misto, Indiferenciada e Mieloide com mínima diferenciação. Por serem entidades pouco frequentes, mais estudos se fazem necessário para a correta classificação. O entendimento das bases moleculares pode ser crucial para a correta reclassificação destas doenças e tratamento específico.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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