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Vol. 45. Núm. S4.
HEMO 2023
Páginas S232 (Outubro 2023)
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DADOS DO MUNDO REAL PARA PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA COM MUTAÇÃO FLT3 TRATADOS EM AMBIENTES COM RECURSOS LIMITADOS
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MAC Sartoria,b, WF Silvaa,b, FR Mendesa,b, MIA Madeirac, L Nardinellia,b, RC Medieroa,b, F Trainac, V Rochaa,b, E Vellosoa,b, EM Regoa,b
a Divisão de Hematologia, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, Brasil
b Divisão de Hematologia, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo, SP, Brasil
c Divisão de Hematologia, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
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Objetivo

A duplicação interna em tandem da tirosina quinase 3 semelhante a Fms (FLT3-ITD) é um marcador prognóstico estabelecido na leucemia mieloide aguda (LMA), enquanto o impacto das mutações no domínio tirosina-quinase (TKD) é controverso. A associação de inibidores de TK (TKIs) com quimioterapia intensiva melhorou a sobrevida global (SG) de pacientes com LMA FLT3 mutados em ensaios clínicos randomizados e é recomendada pelo painel de especialistas da European Leukemia Net (ELN). No entanto, os TKIs não são disponíveis para a maioria dos pacientes tratados em países de baixa e média renda e atualmente há escassez de dados sobre o resultado do tratamento nesses locais. O objetivo desse estudo é descrever a evolução desses pacientes tratados nesse cenário.

Métodos

Este é um estudo que abrange adultos recém-diagnosticados com LMA com mutação FLT3 tratados intensivamente em hospitais públicos no Brasil entre janeiro de 2015 e dezembro de 2020, registrados no International Consortium on Acute Leukemias (ICAL). Nenhum paciente recebeu TKIs como parte do tratamento. A mutação FLT3 foi testada ao diagnóstico por análise de fragmentos. Utilizamos o escore de Risco Genético Adaptado (RGA) relatado por Silveira et al. (2020), uma adaptação da classificação do ELN de 2017. Os desfechos primários foram sobrevida livre de eventos (SLE) e SG calculados pelo método de Kaplan-Meier. A taxa de recaída foi calculada por meio da análise de risco competidora.

Resultados

350 pacientes (idade média: 51 anos) foram incluídos. As mutações FLT3-ITD e TKD foram detectadas em 17,5% e 7,2% dos pacientes, respectivamente. 90 pacientes (35,1%) eram de risco favorável, 110 (42,9%) intermediário e 56 (21,9%) adverso, segundo o RGA. A comutação mais frequente foi no gene NPM1. 78 pacientes realizaram transplante alogênico de células-tronco (TCTH) na primeira remissão completa (22,2%), dos quais 27 tinham FLT3-ITD.Com seguimento médio de 3,5 anos, a taxa mediana de SG de 4 anos foi de 24,2% (95% CI 19,8-30,1) e a SLE em 4 anos de 22,9% (95% CI 18,6-28,2). Para pacientes com FLT3-ITD, a SG em 4 anos foi de 14,4%, inferior à de pacientes FLT3 selvagem (27,5%; p = 0,057). A incidência cumulativa de recaída em 4 anos foi de 39,4% para pacientes com FLT3-ITD e 43,9% para aqueles com FLT3 selvagem (p = 0,5), enquanto a mortalidade não relacionada à recaída em 4 anos de 28,1% e 32,4%, respectivamente. A taxa de SG em 4 anos para pacientes com FLT3-ITD que se submeteram ao TCTH foi de 49,1% (95% CI 38,9-62,1).Os pacientes com FLT3-ITD foram ainda subdivididos pela razão alélica (RA) naqueles com baixa (<0,5) e alta (≥0,5),sem diferença significativa de SG. Ressalta-se que os pacientes com FLT3-TKD apresentaram uma taxa de SG melhor em comparação com os FLT3 selvagem (HR 0,49, IC 95% 0,26-0,93, p = 0,029), mas esse resultado deve ser interpretado com cautela devido ao pequeno tamanho da coorte.

Discussão e conclusão

nossos resultados mostram que a frequência de mutações no FLT3-ITD e sua associação com pior prognóstico foi semelhante àquelas descritas em países de alta renda antes da introdução do TKI como padrão de tratamento. Portanto, o TCTH continua sendo uma estratégia de consolidação válida para pacientes com mutação no FLT3. No entanto, menos da metade dos pacientes para os quais o TCTH foi indicado foram realmente transplantados. Além disso, a RA não deve mais ser considerada um marcador prognóstico para pacientes tratados intensivamente que não recebem inibidores de FLT3.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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