
Determinar os níveis de Homocisteína (Hcy), folato e cobalamina em puérperas e seus respectivos recém-nascidos portadores de Cardiopatia Congênita (CC).
Material e MétodosParticiparam do estudo 245 puérperas e seus respectivos recém-nascidos (RN), sendo 173 saudáveis (Controles) e 72 com diagnóstico de CC (casos). Todos pacientes e controles foram atendidos e acompanhados no Hospital Universitário Francisca Mendes (HUFM) e Maternidade Instituto da Mulher Dona Lindu, ambas localizados na cidade de Manaus, Amazonas. Os dados demográficos e histórico gestacional foram obtidos por entrevista, enquanto os clínicos pelo prontuário médico. As dosagens de cobalamina, folato e Hcy foram realizadas no equipamento Architect i4000 (Abbott). As análises estatísticas via softwares Graphpad Prism 5.0 e SPSS versão 23, de acordo com o tipo de variável, considerados significativos aqueles com p<0,05.
ResultadosFoi observado uma maior prevalência de cesáreas (58%), diabetes gestacional (OR=6,04; 95% IC 1,79‒20,29; p<0,001) e prematuridade (OR=3,20; 95% IC 1,76‒5,85; p<0,001) nas puérperas caso. Puérperas controle apresentaram maiores níveis de cobalamina (p=0,006). Os RN caso apresentaram em média menor de peso ao nascer (2,7±0,73 kg; p<0,001) em comparação aos saudáveis (3,47±0,53 kg). Foram observados níveis de tHcy elevados e valores diminuídos de folato e cobalamina em RN casos (p<0,001). Análise de curva ROC apresentou o seguinte resultado: AUC=0,939; 95% IC 0,912‒0,966 (p<0,001), com sensibilidade de 86,11% e especificidade de 86,71% para níveis de Hcy >15,48 μmoL/L.
DiscussãoTanto a diabetes gestacional quanto a prematuridade são fatores de risco descritos para a presença de CC e também podem influenciar na escolha do tipo de parto realizado. A presença de níveis elevados tHcy e diminuídos de folato e cobalamina são associados ao perfil de carência nutricional durante a gestação, o que é associado a malformações congênitas, incluindo o coração. As puérperas e RN caso apresentaram níveis menores de cobalamina e folato, o que está associado a carência nutricional. O uso da tHcy como biomarcador cardíaco é proposto para muitas condições cardíacas com especificidade e sensibilidade moderadas, com pior prognóstico diretamente proporcional aos níveis de Hcy, podendo se tornar uma ferramenta útil para melhorar o diagnóstico associado a outros biomarcadores.
ConclusãoDe acordo com os dados encontrados, acreditamos que os níveis de tHcy podem estar relacionados ao maior risco de desenvolvimento de malformações congênitas, ainda maior quando concomitante a fatores predisponentes de intercorrências gestacionais. Níveis séricos de Hcy >15,48 μmoL/L podem ser um ponto de referência como indicador de gravidade cardíaca congênita para RN.