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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S489 (outubro 2024)
Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S489 (outubro 2024)
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DA TROMBOSE À MIELOFIBROSE: UM RELATO DE CASO
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OS Zanetti, FAS Nunes, ALR Maretto, RA Hoffmann, LP Garcia, LP Ferreira, VBS Cury, LV Passos, JF Rocha, PR Francelin
Hospital Universitário (HU), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos, SP, Brasil
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Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Objetivo

Relatar um caso de mielofibrose primária com apresentação clínica de tromboses em sítios diferentes.

Métodos

Coleta de dados através de entrevista, registro fotográficoe revisão do prontuário.

Relato de caso

Paciente masculino, 61 anos, em investigação de anemia normo-normocom eritroblastose. História de perda ponderal de 8 kg em 30 dias, astenia, dispneia e dor abdominal. Negava sangramentos, equimoses, alterações de hábitos intestinais, cirurgias, história familiar de trombofilias ou neoplasias. Possuía antecedente recente de múltiplas tromboses. Há 3 meses quadro deTEP bilateraleTVP extensa de membro inferior esquerdo. Angio-TCtórax comembolia pulmonar de artérias segmentares de lobos inferiores mais extensa à direita; Doppler venoso de membro inferior esquerdocom trombose de veiaspoplítea, femoral comum, superficial e profunda. Em investigação complementar com TC de abdome apresentou sinais de trombose de veia porta com transformação cavernomatosa extensa e esplenomegalia 18,4 cm. Laboratório inicial: Hemoglobina 8.9 g/dL, Hematócrito de 28%, normocrômica e normocítica, com presença de anisocitose +/4+, poiquilocitose +/4+, dacriócitos ++/4+, policromasia +/4+ e eritroblastos 2%, leucócitos totais 11.590/mm3 e plaquetas em 421.000/mm3, índice de saturação de transferrina30%, ferro sérico 86 μg/dL e ácido fólico 13,9 ng/mL, sorologias para hepatite B, Hepatite C, Sífilis e HIV negativas. Demais investigação: provas de hemólise imune negativas, porém com DHL 1523U/L, fator reumatoide e fator antinuclear negativos, e trombofilias não identificadas. Prosseguiu-se com coleta de mielograma e biópsia de medula óssea em crista ilíaca póstero superior direita, além de avaliação genética das mutações JAK2, CALR e MPL. Resultado de AP compatível com neoplasia mieloproliferativa crônica (mielofibrose primária): celularidade de 60%, aumento da megacariopoiese com atipias e alto pleomorfismo, “clusters”, diminuição da hematopoiese com hemossiderose moderada e fibrose medular grau III. As três mutações foram negativas. O paciente foi encaminhado à onco-hemalogia para tratamento seguimento.

Discussão

A mielofibrose primária é rara e resulta de transformação neoplásica de células hematopoiéticas, com mutação (JAK-2, CALR, MPL); que causam alterações intensas do estroma medular gerando fibrose, osteosclerose e angiogênese. Até 25% são assintomáticos, o restante pode apresentar sintomas de anemia, dor abdominal crônica, perda de peso, alterações ósseas, eritropoiese extramedular, sangramentos, anormalidades imunológicas, e muito raramente alterações trombóticas. O diagnostico depende de 3 critérios maiores (fibrose ou megacariocitoseem AP, ausência de outras síndromes mielodisplásicas, mutação JAK2 ou ausência de outra etiologia para fibrose) e ao menos 1 critério menor (leucoeritroblastoste, DHL sérico aumentado, anemia, esplenomegalia). Cerca de 5 a 10% dos pacientes são triplo negativos. O transplante de células tronco hematopoiético é a única opção curativa, há outras opções terapêuticas como hidroxiuréia, prednisona, talidomida e ruxolitinibe.

Conclusão

Demonstra-se apresentação de quadro clínico trombótico exuberante associado à mielofibrose primária, etiologia rara, mas cujo diagnóstico deve ser lembrado perante quadros de trombose, principalmente de sítio abdominal.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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