
Tromboembolismo Venoso (TEV) apresenta importante prevalência em pacientes internados, e é responsável por expressiva morbidade. É sabido que, cerca de um terço dos pacientes possuem risco de desenvolver Trombose Venosa Profunda (TVP) durante a internação. Uma revisão sistemática que avaliou modelos de estratificação de risco para predizer TEV em pacientes internados, evidenciou que tais ferramentas em geral possuem baixa acurácia. Tal fato foi atribuído, além da heterogeneidade dos desenhos e das populações dos estudos, ao não uso, uso restrito e/ou não relatado de tromboprofilaxias. Os DOACs (Direct Oral Anticoagulants) estão entre os anticoagulantes mais utilizados nos últimos anos, devido a administração oral, e, a não necessidade de monitorização. Tendo sido aplicados também na profilaxia de TEV.
MetodologiaNeste estudo, retrospectivo, comparamos os custos da enoxaparina (HBPM) 40 mg subcutâneo em relação a rivaroxabana (DOAC) 10 mg oral, para profilaxia de TEV em pacientes internados no Hospital Municipal Dr Moyses Deutsch com clearance de creatinina maior ou igual a 30 mL/min, pelo CKD-EPI, no período 01/01/2022 até 06/11/2022, com idade maior ou igual a 16 anos. Sendo excluído pacientes pediátricos, gestantes e alérgicos a rivaroxabana ou a compostos do medicamento.
ResultadosTotalizaram-se 4190 pacientes internados em leito de enfermaria e UTI clínica-cirúrgica, bem como, pronto socorro, que necessitaram de profilaxia de TEV. Os pacientes que usaram DOAC e HBPM foram 12,88% (540 pacientes) e o 87,11% (3.650 pacientes), respectivamente. Do mês de janeiro a maio, a profilaxia de TEV era exclusivamente por HBPM, totalizado por 2.069 pacientes. A partir de junho foi realizado a introdução do protocolo rivaroxabana, de forma que, de junho a dezembro o grupo com HBPM contabilizava 1.581 pacientes e o grupo com DOACs 540 pacientes. O valor unitário e total mensal médio gasto na profilaxia de TEV no período de janeiro a maio/22 foi de R$ 123,61 e R$ 51.112,66; respectivamente, composto por exclusivo uso de HBPM. A partir de junho, tendo o grupo com pacientes em uso de DOAC, valor unitário e total mensal médio reduziram para R$ 82,13 e R$ 30.431,65; respectivamente.
DiscussãoOs estudos destes indicadores mostram que a mudança de padrão de prescrição com a introdução da rivaroxabana como opção terapêutica para profilaxia de TEV, acarretou impacto significativo de redução de gastos. Além de mais econômica, a rivaroxabana proporciona aos pacientes maior comodidade, pela sua administração oral. As UTIs, foram os setores de maior dificuldade na padronização de uso de DOAC para profilaxia de TEV, de forma que, não foi possível observar administração apreciável quanto ao uso de DOAC neste setor, o que impactou diretamente nos custos mensais unitários e totais.
ConclusãoO uso de DOACs quando comparado a HBPM proporciona relevante impacto na redução de custos mensais dos pacientes internados que necessitam de profilaxia de TEV.