Objetivo: Relatar aspectos clínicos do atendimento de pacientes onco-hematológicos do Hospital Santa Casa De Misericórdia de Vitória com diagnóstico de COVID-19. Materiais e métodos: Foi realizado entrevista clínica, análise retrospectiva de dados de prontuário e resumo de alta hospitalar dos pacientes com diagnóstico de doença onco-hematológica que desenvolveram COVID-19. Resultados: Do total de 68 pacientes com diagnóstico de doença onco-hematológica em tratamento quimioterápico na instituição 12% (8) foram diagnosticados com COVID-19, sendo 2 com mieloma múltiplo, 3 linfomas e 3 leucemias agudas em fase de indução. Todos os pacientes residiam na região metropolitana do Estado. Apenas 1 paciente relatou contato domiciliar com caso suspeito de COVID-19. Os sintomas mais prevalentes foram febre, tosse e dispnéia. O diagnóstico foi realizado por RT-PCR swab nasal/oral em 50% dos casos e 50% por sorologia (teste rápido). A maioria dos pacientes, 75% (6), estavam internados quando apresentaram sintomas de COVID-19 sendo 28% (2) para tratamento de neutropenia febril, 72% (4) para investigação diagnóstica de doença oncológica e/ou recidiva e 25% (2) internaram pelo quadro de COVID-19. 75% (6) necessitaram de oxigenioterapia, 63% (5) evoluíram com necessidade internação em UTI e ventilação mecânica, 38% (3) usaram corticoide. 88% (7) utilizaram antibioticoterapia mas, 71% (5) estava em uso por outros motivos. A exceção dos pacientes plaquetopênicos graves todos utilizaram heparina em dose profilática. Observamos que 38% (3) estavam com neutropenia ao diagnóstico de COVID-19. A mortalidade foi de 38% (3). Quanto as co-morbidades associadas a doença onco-hematológica 25% (2) tinham HAS e DM, 25% (2) HAS, 50% (4) apresentavam apenas a doença oncológica em atividade. Discussão: A frequência de pacientes com câncer e COVID-19 varia de 0,9% a 1%, no entanto há preocupação em relação ao maior risco de complicações neste grupo de pacientes. A taxa de mortalidade da COVID-19 varia de 2-4%, mas para pacientes com câncer esta taxa pode ser ainda mais alta. Estudo multicêntrico em Canadá, Estados Unidos e Espanha encontrou taxa de mortalidade de 13% para pacientes oncológicos, neste estudo encontramos uma mortalidade mais alta, no entanto a população estudada constituía de pacientes com doença oncológica ativa o que pode estar associado a maior risco de óbito. A maioria dos pacientes foram diagnosticados durante a internação hospitalar motivada por outras causas, uma grande discussão durante a pandemia foi a continuidade ou não do tratamento oncológico e o risco de adquirir a doença, bem como a potencial gravidade da sua apresentação nos pacientes em quimioterapia, no entanto, nesse aspea individualização desta decisão baseada em cada caso foi o caminho escolhido pela maioria dos centros de tratamento. Conclusão: Diante do cenário de doença desconhecida avaliar aspectos clínicos das populações pode nortear medidas diferenciadas para tratamento e prevenção. Os dados apontam para o alto risco de morte em pacientes onco-hematológicos em quimioterapia e o risco de contaminação do ambiente hospitalar. É necessário elaborar estratégias para minimizar este risco, acreditamos que além das medidas habituais adotadas, estratégias de coorte hospitalar e testes para diagnóstico precoce em profissionais das unidades de tratamento oncológico e nos pacientes previamente as internações hospitalares possam ser justificadas dado o risco benefício.
O fator de impacto mede o número médio de citações recebidas em um ano por trabalhos publicados na revista durante os dois anos anteriores.
© Clarivate Analytics, Journal Citation Reports 2022
O CiteScore mede as citações médias recebidas por documento publicado. Mais informação
Ver maisCiteScore Percentile indica a posição relativa de um título de série em seu campo de assunto.
Ver maisSJR é uma métrica de prestígio baseada na idéia de que todas as citações não são iguais. SJR utiliza um algoritmo similar ao page rank do Google; é uma medida quantitativa e qualitativa ao impacto de uma publicação.
Ver mais