Objetivo: Relatar um caso de paciente jovem diagnosticada com Leucemia Mieloide Aguda (LMA) concomitantemente com COVID-19 que permaneceu com sintomas leves, podendo aguardar para começar a indução da quimioterapia (QT). Material e métodos: Paciente feminina, 21 anos, encaminhada com quadro de astenia, equimoses em membros inferiores, gengivorragia, inapetência há 2 semanas e perda ponderal. Trouxe hemograma que mostrou leucocitose às custas de blastos (LT: 106.000/mm3 e 87% blastos), anemia e plaquetopenia. Ao exame físico apresentava esplenomegalia e adenomegalias. Foi internada para diagnóstico, suporte transfusional e iniciou citorredução com hidroxiureia. A imunofenotipagem evidenciou tratar-se de blastos mielóides com componentes monocíticos, confirmando o diagnóstico de LMA. No dia do início da quimioterapia, abriu quadro de tosse discreta e apresentava febre intermitente há 3 dias. Foi solicitada uma TC de tórax que revelou opacidade com atenuação em “vidro fosco”, e espessamento de septos interlobulares e linhas interlobares, compatíveis com padrão COVID. Foi levada à unidade COVID do serviço e coletado Swab com resultado positivo do RT-PCR. Resultados: Paciente permaneceu com sintomas leves, sem hipoxemia (SatO2 > 95%) e sem desconforto respiratório. Foi submetida a transfusões, fez controle de celularidade com hidroxiureia, mantendo neutrófilos acima de 1500/mm3 e leucócitos próximos de 9.700/mm3 com 57% blastos. Após 9 dias na unidade COVID, retornou à enfermaria para início da QT. Discussão: A LMA caracteriza–se pela proliferação de células precursoras da linhagem mieloide, ocasionando produção insuficiente das demais células hematopoiéticas. O quadro envolve fadiga, dispneia aos esforços, palidez e sangramentos; febre e infecções são frequentes, assim como dores ósseas. O diagnóstico é feito por meio de análise microscópica e identificação de blastos, sendo imunofenotipagem e citogenética úteis tanto para diagnóstico, quanto para terapêutica e prognóstico. O tratamento específico feito com QT resulta em remissão completa em até 80% dos casos. Já a COVID-19 é causada pelo novo vírus SARS-CoV-2 e sua fisiopatologia envolve a lesão dos pneumócitos do tipo II e das células endoteliais capilares. A resposta imune do hospedeiro ao vírus é controversa, explicando a inexistência de um tratamento eficaz. Possui sintomas como febre, tosse, fadiga, falta de ar, mialgia e diarréia. Quadros graves com pneumonia e síndrome do desconforto respiratório agudo requerem atendimento hospitalar e podem evoluir para insuficiência respiratória e disfunção de múltiplos órgãos. Algumas comorbidades, como o câncer, aumentam a gravidade da doença, devido ao efeito imunossupressor do tratamento. Nesse contexto, a indução da QT para LMA provoca pancitopenia e os baixos níveis de neutrófilos podem causar complicações de infecções como as da COVID-19. Conclusão: Trata-se de um caso de LMA em paciente jovem que apresentou sintomas leves durante a infecção por COVID-19. Atualmente, apresenta-se recuperada da infecção viral e encontra-se em tratamento da LMA, sem intercorrências. No atual cenário frente à pandemia, é de suma importância testar para COVID-19 os pacientes com leucemia antes da indução da quimioterapia, a qual recomenda-se atrasar nas situações sem urgência, com objetivo de evitar complicações e risco de mortalidade.
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