Introdução: Trombocitopenia imune (PTI) é uma doença rara, caracterizada por uma contagem de plaquetas < 100.000/mm3, levando a um risco aumentado de sangramento. Vários fatores de risco são associados a PTI, incluindo predisposição ambiental (infecção, neoplasias, medicamentos) e predisposição genética. Por outro lado, plaquetopenia em pacientes com COVID-19, causada por coagulação intravascular disseminada (CIVD), sepse ou induzida por drogas, é importante fator de pior evolução nestes pacientes. Objetivos: Nosso objetivo é relatar um caso raro de PTI em paciente com COVID-19. Relato de caso: Homem de 62 anos, interna em com queixa de petéquias em membros, tórax e abdome havia dois dias, além de sangramento espontâneo orogengival e urogenital. Paciente sem sintomas gripais, porém devido apresentar histórico de contactuante, havia 11 dias realizou PCR para SARS-CoV-2 que se mostrou positiva e posteriormente confirmada com sorologia IgM+/IgG+. No hemograma evidenciou-se: HB 13,3 gL; Ht 39%; leucócitos 10.010/mm3 (diferencial normal); plaquetas 1.000/mm3. Descartado outras doenças auto imunes e infecciosas, fora iniciada imunoglobulina humana (IGIV), 0,4 g/kg/dia, por cinco dias e pulso de dexametasona por quatro dias com melhora do quadro de sangramento, porém mantendo plaquetopenia (HB 11 gL; Ht 32%; leucócitos 19.590/mm3 (neutrófilos 16.500/mm3); plaquetas 2.000/mm3). Posteriormente, optado por manter prednisona 2 mg/kg/dia atingindo 33.000/mm3 após três semanas e remissão completa (154.000/mm3) após seis semanas e em desmame, atualmente. Discussão: O objetivo do tratamento com PTI é prevenir sangramentos graves, fornecendo uma contagem segura de plaquetas. Entretanto, o tratamento desta patologia em pacientes com COVID-19 pode apresentar algumas dificuldades. Os tratamentos comumente usados incluem IGIV, glicocorticoides ou agonistas do receptor de trombopoietina. A IGIV geralmente é utilizada em pacientes que requerem um rápido aumento na contagem de plaquetas, devido a sangramentos ou procedimentos invasivos, e é uma boa escolha em pacientes com COVID-19, porém seu efeito não é duradouro A IGIV foi escolhida devido ao sangramento ativo, com melhora clínica. Porém, devido a falha da IGIV na elevação dos valores plaquetários, o uso de altas doses de glicocorticoides precisou ser mantido. Os glicocorticoides compreendem o tratamento primário da PTI e, a depender da fase da COVID-19, seu uso tem sido associado a melhor evolução. Entretanto, altas doses de glicocorticoides são considerados prejudiciais para pacientes em estágios iniciais da COVID-19, pois inibem as respostas imunes e a eliminação do vírus SARS-CoV-2. O paciente relatado não apresentava sintomas da COVID-19 e contava mais de 10 dias do diagnóstico da infecção por SARS-CoV-2. A COVID-19 pode ser acompanhada de plaquetopenia como resultado da CIVD, que está associada ao maior risco de tromboembolismo. Assim, o uso TPORA deve ser usado com cautela em pacientes com COVID-19, por aumentar o risco trombótico. Conclusão: A PTI pode estar presente em associação a infecção por COVID-19, como já relatado na literatura. A sequência temporal neste caso sugere que a infecção por SARS-CoV-2 foi um fator causal na PTI e, felizmente, com boa resposta ao tratamento. O presente relato ilustra a necessidade de atenção à essa complicação grave da COVID-19 que deve ser diagnosticada e tratada imediatamente. A escolha do tratamento da PTI deve basear-se no equilíbrio do risco de sangramento e possível deterioração da infecção por COVID-19 pela terapia imunossupressora.
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