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Vol. 43. Núm. S1.
Páginas S410 (Outubro 2021)
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PREPARO DE COMPONENTE DE ARMAZENAGEM
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CONTAMINAÇÃO BACTERIANA POR KOCURIA ROSEA EM CONCENTRADO DE PLAQUETAS POR AFÉRESE
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1415
G Kohla, MMPD Santosa, G Bertonceloa, LM Volpia, JS Palaorob, CM Winkb, LO Siqueirac, CSR Araújoa,b
a Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF), Passo Fundo, RS, Brasil
b Serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), Passo Fundo, RS, Brasil
c Universidade de Passo Fundo (UPF), Passo Fundo, RS, Brasil
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Vol. 43. Núm S1
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Introdução

A Kocuria rosea é uma bactéria gram-positiva, estritamente anaeróbia, pertencente à família Micrococcaceae. São microrganismos comensais não patogênicos que colonizam a orofaringe, mucosas e pele e são geralmente considerados como contaminantes e ignorados quando isolados. Porém, nos últimos anos vem ganhando importância como patógeno em diversas infecções (Kandi, et. al. 2016).

Relato de caso

Indivíduo do sexo masculino, 41 anos, hígido, doador de sangue de repetição desde 2015, com histórico de 19 doações prévias, sem alterações no controle de qualidade dos hemocomponentes coletados e sem intercorrências nos pacientes nos quais foram transfundidos seus hemocomponentes. Em 10/06/2021, realizou nova doação voluntária de plaquetas por aférese, sem intercorrências, assintomático e sem queixas. Foi retirada em bolsa própria do sistema de coleta, 24 horas após a doação, uma amostra da plaqueta por aférese para controle de qualidade e para cultura bacteriana. Após 118 horas de cultura foi detectado crescimento bacteriano em frasco anaeróbio pelo sistema de detecção microbiana BACT/ALERT®. Esses frascos foram enviados para identificação bacteriana em laboratório de apoio, o qual identificou presença da bactéria Kocuria rosea. A plaqueta por aférese gerada nessa doação havia sido transfundida em dois pacientes antes da reatividade da amostra para cultura bacteriana. Ambos os pacientes evoluíram sem intercorrências após a transfusão.

Discussão

A contaminação bacteriana pode ocorrer durante a coleta e/ou durante o processamento de um hemocomponente, ou pode ser decorrente de bacteremia no doador (Júnior, Garcia, 2017). Os concentrados de plaquetas são os mais comumente acometidos, pois exigem armazenamento em temperatura de 20°C a 24°C (Kandi, et. al. 2016). Os microrganismos mais frequentemente identificados incluem Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Serratia marcescens e S. epidermidis (Brecher, Hay, 2020).  Um estudo analítico randomizado sobre a prevalência de bactérias em concentrados de plaquetas aponta a presença de Kocuria sp em 11% das hemoculturas infectadas (Cervantes, el. al. 2017). A Kocuria Rosea é um microrganismo comensal da microbiota da epiderme e de mucosas e pode estar implicado em infecções do trato urinário, endocardite, mediastinite, infecções de órgãos peritoneais, disfunções orgânicas e sepse (Purdy, et al. 2013).

Conclusão

Cabe ressaltar a importância dos cuidados com a assepsia no momento coleta, da triagem clínica cuidadosa com o intuito de identificar possíveis fatores de risco para infecções em doadores de sangue, bem como as precauções na manipulação dos hemocomponentes e das amostras para realização da hemocultura. Vale ressaltar também a relevância do processo de hemovigilância na investigação e estudo dos casos de contaminação bacteriana em hemocomponentes para contribuir com a segurança transfusional.

O texto completo está disponível em PDF
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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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