
As doenças hemorrágicas ocorrem, na maioria das vezes, quando há deficiência qualitativa ou quantitativa de um ou mais fatores da coagulação e/ou plaquetas. Os pacientes com doenças hemorrágicas requerem atenção durante o atendimento odontológico. Ademais, um dos principais problemas enfrentados pelos cirurgiões dentistas (CDs) está relacionado à avaliação do paciente, uma vez que a história detalhada de sangramento deve ser investigada, bem como histórico familiar e terapia medicamentosa, seguida de anamnese detalhada para nortear a solicitação de exames laboratoriais e proporcionar um atendimento seguro ao paciente. Neste sentido, nosso objetivo foi avaliar o conhecimento dos CDs sobre as doenças hemorrágicas.
Materiais e métodoEstudo transversal com 389 CDs do estado de Minas Gerais, durante o ano de 2021, no qual o nível de expertise dos participantes referente às alterações hemorrágicas foi avaliado por meio da análise de dados obtidos de um questionário (Google forms) respondido pelos CDs. A análise descritiva dos dados foi realizada através de distribuição de frequências, empregando-se o SPSS (ver.19.0).
ResultadosDos CDs que responderam o questionário 65,3% eram do sexo feminino e 55,3% concluíram a graduação após o ano de 2001. Em relação à especialidade 21,4% atuam em áreas como implantodontia, cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial e periodontia, que realizam maior número de procedimentos invasivos. Dentre os CDs que responderam acerca do conhecimento de doenças hemorrágicas, 82,1% tinham conhecimento sobre hemofilia, 16,5% sobre doença de von Willebrand (DvW), 66% sobre deficiência de vitamina K e 33,3% sobre púrpura trombocitopênica imune.
DiscussãoAs coagulopatias e trombocitopatias, hereditárias ou não, são distúrbios hemostáticos que favorecem os eventos hemorrágicos e podem ser importantes complicadores dos procedimentos odontológicos invasivos. Por exemplo, 60 a 80% dos pacientes com DvW apresentam sangramento após extração dentária. Porém, em nossa investigação, ressalta-se que um número bastante limitado de CDs apresentou conhecimento acerca dessa doença e de outras com tendência hemorrágica, como a púrpura trombocitopênica imune. Esse fato é preocupante considerando que, em alguns casos, os primeiros sintomas dessas doenças ocorrem na cavidade oral, podendo ocorrer hemorragia gengival. Além do mais, nos procedimentos invasivos, os CDs podem ser surpreendidos com sangramentos excessivos em alguns pacientes.
ConclusãoUma análise dos dados acima revelou que o conhecimento dos CDs acerca de doenças hemorrágicas é pouco satisfatório, fato preocupante, visto que pacientes com tais distúrbios necessitam de maior cuidado durante o atendimento odontológico. Dessa forma, urge uma atualização para a capacitação desses profissionais.
Apoio financeiroCAPES, CNPq e FAPEMIG.