Introdução: A transfusão de troca na doença falciforme (DF) tem várias indicações predominando a prevenção primária e secundária do acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi). Pode ser feita por eritrocitaférese (ET) ou por troca manual (TM). Em comparação com a TM, a ET requer experiência em aférese, equipamentos especializados e acessos venosos adequados, o que limita seu uso. Além disso, as evidências quanto à maior eficácia da ET no controle da sobrecarga de ferro são controversas. Objetivo: Avaliar a eficácia da ET no controle de sobrecarga de ferro nos pacientes com DF em comparação à TM, através de indicadores secundários como ferritina, índice de saturação de transferrina e exames de imagem (ressonância magnética hepática). Métodos: Coleta retrospectiva de dados de 16 pacientes adultos com DF em programa de transfusão crônica (8 ET e 8 TM), de 2000 a 2019, seguidos no HC-FMUSP, utilizando a base de dados Prontmed. Os exames laboratoriais para controle de sobrecarga de ferro foram coletados sempre antes das transfusões. As comparações entre medianas foram feitas através do teste de Mann-Whitney, com valor de p significativo se<0,05. Resultados: O genótipo mais comum foi SS nos dois grupos (100% no grupo TM e 87% no grupo ET). 50% dos pacientes eram homens no grupo TM e 62,5% no grupo ET. A mediana de idade no grupo TM foi 29 (21-39) e 35 (28-56) anos no grupo ET. A mediana de concentrados de hemácias recebidos (CH) pré início de transfusão de troca no grupo TM foi 10 (0-188) e no grupo ET foi 40 (0-138). Após início do programa transfusional, a mediana de CH/ano no grupo TM foi 19 (17-26) e no grupo ET, 30 (11-36) (p=0.092). Profilaxia secundária de AVCi foi a causa mais frequente de transfusão nos dois grupos. Estavam usando quelante de ferro (deferasirox) 87% dos pacientes TM e 25% dos pacientes ET. 56% realizaram RNM hepática e 12,5% RNM cardíaca. As medianas de ferritina e IST antes do início das transfusões de troca eram 1421 (82–4747) e 51,8% (27-84%) no grupo TM, 823 (182–2786) e 65% (33-94%) no grupo ET. Após seu início, a mediana de ferritina e de IST, respectivamente, foram para 2101 (239-10937) e 68,3% (27-96%) no grupo TM; 1295 (107-3422) e 55,5% (26-95%) no grupo ET. A variação da mediana de ferritina foi, no grupo TM, +680, e no grupo ET, +472 (p=0.748). Já a variação de IST foi de +16,5% no grupo TM e -10,25% no grupo TE (p=0.802). Após o início das transfusões, três pacientes do grupo TM e um paciente do grupo ET apresentaram sobrecarga de ferro hepática acentuada na RNM, conforme protocolo de Rennes. Discussão: A transfusão de troca tem diversas indicações na DF, mas seu efeito colateral é a sobrecarga de ferro. Nosso estudo avaliou a eficiência no controle da sobrecarga de ferro nos pacientes submetidos a duas técnicas diferentes de transfusão de troca. Os indicadores secundários, como mediana de ferritina e de IST antes e após seu inicio, sugerem uma tendência a melhor controle no grupo ET, embora as diferenças não sejam significativas, talvez pelo tamanho amostral. Os pacientes em ET também apresentaram menor sobrecarga de ferro à RNM. Estudos prospectivos em grupos maiores são necessários para confirmar esses achados preliminares.
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