
O objetivo do presente estudo foi comparar a eficácia de soluções de Hidroxietilamido (HES) com diferentes osmolaridades na recuperação de leucócitos totais, celularidade e CD34+ após o processamento de sangue de cordão umbilical. A hipótese é que a osmolaridade do HES afeta a eficiência da recuperação celular pós-processamento. O estudo visa avaliar se soluções com osmolaridades diferentes do padrão (Plasmin) podem ser alternativas viáveis, e verificar o impacto na recuperação de Células-Tronco Hematopoiéticas (CTH) e na viabilidade celular.
Materiais e métodosForam avaliadas 620 amostras de sangue de cordão umbilical processadas manualmente com soluções de HES, incluindo Plasmin (6%, osmolaridade 312 mOsm/L) e HES com osmolaridade inferior (308 mOsm/L, 6%). O processamento seguiu um protocolo interno com centrifugação da bolsa de sangue invertida e adição de HES (20% em ambos os casos). A viabilidade celular e percentual de CD34+ foram analisados por citometria de fluxo (FACS BD), e a recuperação celular foi avaliada pelo ABX MICROS.
ResultadosAs amostras com Plasmin mostraram uma recuperação celular média de 88%, enquanto a solução com HES de menor osmolaridade apresentou 84%, com diferença significativa (p < 0,05). A média da viabilidade celular pós-processamento foi de 86% para Plasmin e 90% para HES de menor osmolaridade. Já o percentual de CD34+ foi 0,30% com Plasmin e 0,38% com HES de menor osmolaridade e o grupo Plasmin teve uma marcação de CD34+ absoluto de 77,4%, comparado a 95% com HES. A celularidade final foi superior com Plasmin (912×106) comparada ao HES de menor osmolaridade (875×106).
DiscussãoComparando com estudos anteriores, nossos resultados mostraram que o HES de menor osmolaridade teve desempenho semelhante ou superior ao Plasmin, especialmente na recuperação de CD34+. Este achado é promissor para processos manuais e sugere que soluções com osmolaridades diferentes podem ser eficazes na recuperação de leucócitos e CD34+. A metodologia alternativa revelou ser promissora para otimizar a recuperação celular e percentual de CD34+. Estudos anteriores relavam que o HES com menor osmolaridade não atingiu resultados satisfatórios, especialmente em sistemas fechados. Isso indica que soluções com diferentes osmolaridades podem ser igualmente eficazes e merecem mais investigação para uso em protocolos de processamento de sangue de cordão.
ConclusãoA osmolaridade do HES demonstrou ter um impacto significativo na recuperação de leucócitos e no percentual de CD34+. O uso do HES de menor osmolaridade apresentou resultados satisfatórios, tornando-se uma alternativa viável ao Plasmin. Esses achados são relevantes, pois mostram que o HES de menor osmolaridade não apenas alcança uma recuperação celular comparável, mas também supera o Plasmin na recuperação de células CD34+, o que é crucial para aplicações clínicas envolvendo células-tronco hematopoiéticas. A metodologia manual utilizada neste estudo se mostrou eficaz e promissora, destacando a potencial aplicação de HES com diferentes osmolaridades em protocolos de processamento celular. Estes resultados abrem novas possibilidades para o uso de soluções alternativas no processamento de sangue de cordão umbilical, sugerindo que ajustes na osmolaridade podem otimizar a recuperação celular e melhorar a viabilidade das células-tronco hematopoiéticas.