A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e pela bactéria Treponema pallidum, causadora da sífilis, são doenças sexualmente transmissíveis que representam um importante desafio para a saúde pública. A coexistência dessas duas infecções, conhecida como coinfecção HIV/sífilis, pode ter consequências graves para os indivíduos afetados, bem como implicações significativas na segurança da doação de sangue. A coinfecção HIV/sífilis representa um desafio nesse contexto, pois a detecção de ambas as infecções durante o processo de triagem é crucial para evitar a transmissão dessas doenças aos receptores de sangue. A presença de HIV e sífilis no sangue doado pode comprometer a saúde dos receptores e levar a complicações graves.A triagem de doadores de sangue para a coinfecção HIV/sífilis é essencial para garantir a segurança do suprimento sanguíneo. Os testes de triagem geralmente envolvem a detecção de anticorpos específicos para HIV e sífilis no sangue do doador.

Avaliar o perfil soroepidemiológico da coinfecção entre o HIV/Sífilis em candidatos a doadores de sangue atendidos na Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas durante a pandemia do novo coronavírus.

Estudo descritivo, observacional e retrospectivo que avaliou a coinfecção HIV/Sífilis em candidatos a doação de sangue, no período de janeiro/2020 a dezembro/2022. Para o HIV, são realizados dois testes: um teste de quimioluminescência (CMIA) que detecta o antígeno HIV p24 e anticorpos contra o HIV-1 e HIV-2; e um teste molecular que detecta o ácido nucleico viral (NAT PLUS), reduzindo a janela imunológica para 10 a 12 dias. Para a sífilis, são realizados testes não treponêmicos para triagem, como o VDRL, e testes treponêmicos confirmatórios, como o imunoensaio de micropartículas por quimioluminescência (CMIA) para detecção de anticorpos contra o Treponema pallidum  (TP).

O sangue total de 169.888 voluntários à doação de sangue foi avaliado durante o período do estudo. A prevalência geral de HIV, sífilis e sua coinfecção foi de 171 (0,10%),  610 (0,35%) e 38 (0,02%), respectivamente. A prevalência de HIV está associada a solteiros 143 (83,63%), sexo masculino 148 (86,55%) e doadores de sangue residentes da capital do Amazonas. Além disso a prevalência geral da sífilis foi estimada e esteve associada à escolaridade, idade, estado civil e zona de residência dos participantes do estudo. Quando estimada a prevalência da coinfecção HIV/sífilis, é observada em 38 candidatos à doação de sangue, representando uma prevalência de 0,02%. A maioria dos coinfectados é composta por homens entre 16 e 30 anos (68,42%), de raça parda (86,84%), solteiros (89,47%), com ensino médio completo (76,32%).

O estudo analisou a soroprevalência de HIV e sífilis em doadores de sangue ao longo de três anos no Hemocentro do Amazonas. Foram identificados casos preocupantes de coinfecção HIV/sífilis entre os doadores, com 14 casos em 2020, 17 casos em 2021 e 9 casos em 2022. A soroprevalência dessas infecções apresentou uma queda significativa em comparação com outros estados do Brasil, o que pode ser atribuído às medidas restritivas adotadas durante a pandemia da COVID-19 no Amazonas. Essas medidas podem ter afetado os comportamentos relacionados à saúde sexual e o acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo testes de HIV e sífilis. É destacada a importância de triagens usando métodos de alto padrão para garantir a saúde dos receptores de sangue. No entanto, é importante ressaltar que os resultados do estudo se concentram apenas em candidatos a doação de sangue e não representam completamente a prevalência de HIV e sífilis em toda a população.