Objetivos: Descrever as características clínicas e desfechos de pacientes com doenças hematológicas e com diagnóstico confirmado de SARS-CoV-2. Material e métodos: Estudo de coorte retrospectivo, realizado em hospital público terciário de São Paulo-SP. Foram incluídos consecutivamente pacientes adultos com doença hematológica crônica entre 01 de março a 01 de agosto de 2020 que apresentaram RT-PCR para SARS-CoV-2 positivo em swab nasofaríngeo. Resultados: Foram incluídos 45 pacientes, com idade média de 56,6 anos e predomínio de sexo masculino (56,6%). Trinta e cinco (77,8%) apresentavam neoplasia hematológica, sendo mieloma múltiplo (22,9%), linfoma não Hodgkin (20%) e leucemia mieloide crônica (17,1%) os mais frequentes. Entre os diagnósticos não neoplásicos, observamos maior proporção de anemia aplásica (30%). As comorbidades associadas mais frequentes foram cardiopatia (33,3%), diabetes mellitus (26,7%), tabagismo (15,6%) e doença renal crônica (13,3%).A maioria dos casos teve origem comunitária (77,8%) e desconhecia contato com caso suspeito/confirmado (82,2%). Os principais sintomas relatados foram febre (66,7%), tosse (55,6%) e dispneia (48,9%). Dois pacientes eram assintomáticos no momento do diagnóstico, com pesquisa realizada na triagem pré-TMO.Quarenta e dois (93,3%) pacientes necessitaram de internação hospitalar. Entre os pacientes internados, 26 (61,9%) necessitaram de admissão em UTI, 20 (47,6%) de ventilação mecânica (VM) e 7 (16,7%) de terapia renal substitutiva. Quatro (8,9%) pacientes permanecem internados. A taxa de letalidade geral foi 37,8% (17/45) e entre os hospitalizados foi 40,5% (17/42). A taxa de letalidade no subgrupo de pacientes com neoplasia hematológica foi 40% (14/35). Cinco pacientes apresentaram coinfecção bacteriana confirmada no momento do diagnóstico da COVID-19, com letalidade de 80%.Entre os fatores de risco para óbito, Diabetes Mellitus (p = 0,014) e Doença Renal Crônica (p = 0,024) apresentaram maior frequência. Presença de choque (p = 0,005), lesão renal aguda (p = 0,005) ou insuficiência respiratória com necessidade de VM (p=0,009) no momento do diagnóstico também teve relação com óbito. Identificamos maior proporção de aquisição de COVID-19 intra-hospitalar nos pacientes que foram a óbito, com diferença estatisticamente significativa (p = 0,004). Discussão: No nosso estudo, descrevemos série de casos de pacientes com doenças hematológicas e infecção por SARS-CoV-2. Observamos taxa geral de letalidade de 37,8%, chegando a 40% nos pacientes com neoplasia hematológica. Esse dado se assemelha às primeiras séries de casos de COVID-19 em pacientes com neoplasias hematológicas, que encontraram taxa de letalidade variando entre 32,4-61,5%. Os sintomas iniciais e comorbidades mais frequentes foram semelhantes aos já descritos na literatura. Diabetes mellitus e DRC foram observados com maior proporção nos pacientes que evoluíram a óbito, além de apresentação clínica mais grave no momento do diagnóstico. Aquisição intra-hospitalar de COVID-19 também foi mais frequente nos casos que evoluíram a óbito. Conclusão: Encontramos taxa elevada de letalidade em pacientes com doenças hematológicas. Além dos fatores de risco já observados, a aquisição intra-hospitalar de COVID-19 pode estar relacionada reforçando a importância de medidas de prevenção de transmissão nos serviços de saúde.
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