Compartilhar
Informação da revista
Vol. 45. Núm. S4.
HEMO 2023
Páginas S322-S323 (Outubro 2023)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Vol. 45. Núm. S4.
HEMO 2023
Páginas S322-S323 (Outubro 2023)
Acesso de texto completo
BRONQUIOLITE OBLITERANTE COM PNEUMONIA EM ORGANIZAÇÃO PÓS USO DE BLEOMICINA EM PACIENTE COM LINFOMA DE HODGKIN
Visitas
261
JOR Cassianoa, ACP Silvaa, ASH Gallottia, KS Marquesa, PMC Netob, FAM Oliveiraa, VLP Figueiredoa
a Serviço de Hematologia, Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo (HSPE), Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE), São Paulo, SP, Brasil
b Serviço de Pneumologia, Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo (HSPE), Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE), São Paulo, SP, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 45. Núm S4

HEMO 2023

Mais dados
Introdução

Apesar dos avanços em arsenal terapêutico, o esquema quimioterápico ABVD permanece como standard of care para o tratamento do linfoma de Hodgkin (LH) em primeira linha para a maioria dos pacientes. Entretanto, o emprego da bleomicina cursa com efeitos colaterais indesejáveis e potencialmente graves, fato que corrobora a importância do PET-ínterim e a omissão do uso da mesma nos ciclos subsequentes. Uma das suas principais toxicidades é a fibrose pulmonar, sequela geralmente irreversível e com impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes.

Objetivo

Apresentar caso incomum, sugestivo de bronquiolite obliterante com pneumonia em organização (BOOP) pós Bleomicina.

Relato

Masculino, 64 anos, diagnóstico de LH clássico esclerose nodular IIA em ago/2022, localizado desfavorável, tratado com 6 ciclos de ABVD. Durante o tratamento, iniciou quadro de dispneia progressiva e tosse persistente. Avaliado pela pneumologia que realizou teste do degrau, com dessaturação para 91% em ar ambiente, e tomografia computadorizada (TC) de tórax que evidenciou traves pulmonares fibroatelectásicas e bolhas parasseptais nos ápices pulmonares. Evoluiu com dispneia aos mínimos esforços e no teste do degrau dessaturação para 84%. Nova TC de tórax realizada mostrou consolidações parenquimatosas com opacidades em vidro fosco e espessamento dos septos interlobulares na periferia de ambos os pulmões, além de discreto espessamento difuso dos septos interlobulares e irregularidade pleuro-parenquimatosa dos ápices, sugestivos de BOOP, atribuída à toxicidade pulmonar por bleomicina. Iniciada corticoterapia com prednisona, com boa resposta e resolução completa dos sintomas.

Discussão

Os fatores de risco relacionados à toxicidade pulmonar da bleomicina são idade, dose cumulativa, insuficiência renal, radioterapia prévia, doença pulmonar subjacente, histórico de tabagismo e uso de filgrastim. A toxicidade fatal é observada mais comumente nos pacientes de maior faixa etária. A triagem pode ser reservada à avaliação dos sintomas e idealmente deve ser realizada uma prova de função pulmonar antes do início do tratamento, que deve ser repetido se houver indicação clínica, sem prazos pré-estabelecidos. Comumente, o que mais se observa é uma pneumonite intersticial que progride para fibrose, podendo ocorrer também pneumonite de hipersensibilidade e insuficiência respiratória fulminante. A fibrose pulmonar pode ser encontrada em 3 a 4% dos pacientes que recebem bleomicina, formas mais leves de toxicidade são relatadas em uma porcentagem muito maior de pacientes. O tratamento das complicações pulmonares é a interrupção da medicação para os pacientes sintomáticos ou que apresentem declínio nas provas de função pulmonar. No caso relatado o padrão de acometimento pulmonar foi BOOP, complicação que é incomum nestes casos, mas com respostas satisfatórias ao uso de corticoides.

Conclusão

A bleomicina é uma das principais drogas para tratamento de LH, entretanto a toxicidade pulmonar pode ter muitas vezes desfecho desfavorável. A avaliação pulmonar antes do início do tratamento é de suma importância, para guiar a terapêutica e inferir possíveis riscos. O tratamento ainda é controverso, mas há consenso de que a corticoterapia pode ser utilizada na tentativa de melhora sintomática e radiográfica, podendo haver ainda recaída e piora sintomática no desmame da droga.

O texto completo está disponível em PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas