
Relatamos anteriormente que 14,2% dos pacientes tratados com nilotinibe entre 2005 e 2013 desenvolveram algum tipo de evento cardiovascular. Desde 2015, foi implantado na rotina de atendimento um monitoramento mais rigoroso de glicose, níveis lipídicos, avaliação de risco cardiovascular e ultrassonografia com doppler de carótidas em pacientes com LMC em uso de nilotinibe. Esse estudo é a análise atualizada da coorte tratada de 2015 a 2022. O ponto de corte dos dados foi em junho de 2022. Os fatores de risco basais para doença CV foram coletados no início do estudo e todos os eventos de CVE que ocorreram durante o tratamento foram registrados. O risco CV foi calculado usando o gráfico SCORE da Sociedade Europeia de Cardiologia. Na coorte prospectiva, glicose, colesterol e triglicerídeos foram monitorados a cada 6 meses e ultrassonografia Doppler uma vez por ano. Objetivos: avaliar a incidência de eventos cardiovasculares (ECV) em pacientes com LMC tratados com nilotinibe em um único centro.
ResultadosUm total de 72 participantes foram incluídos neste estudo. 32 pacientes tratados com nilotinibe, em primeira linha (n = 04) ou segunda e terceira linha (n = 28), 18 pacientes tratados com dasatinibe em segunda linha, 22 pacientes tratados com imatinibe em primeira linha. Foram analisados 52 homens, com idade mediana de início do TKI de 47,74 anos (22,58-81,25). Comorbidades basais: hipertensão (n = 24), diabetes (n = 04), dislipidemia (n = 07), obesidade (n = 07), hipotireoidismo (n = 06), doença cardiovascular (n = 04), insuficiência cardíaca (n =01), acidente vascular cerebral anterior (n = 02), história familiar (n = 06), sedentarismo (n = 63), tabagismo (n = 24). 28% dos pacientes tratados com TKI apresentaram algum tipo de evento cardiovascular. Destes, 59,4%, 11,1% dos pacientes tratados com nilotinibe, dasatinibe, respectivamente, tiveram algum tipo de evento cardiovascular. 56,7% dos pacientes tratados com nilotinibe apresentaram estenose carotídea. Outros eventos, além da estenose, foram relatados em pacientes tratados com nilotinibe, são esses: doença arterial coronariana (4,3%), AVCi (8,7%), obstrução coronariana (4,3%), tromboembolismo pulmonar (4,3%), doença arterial periférica (4,3%). Para pacientes que utilizavam o dasatinibe, foram reportados os seguintes eventos cardiovasculares: IAM (4,3%) e AVCi (4,3%). O nilotinibe foi descontinuado para a maioria dos pacientes sintomáticos e eles foram tratados de acordo com as diretrizes cardiológicas padrão. Para os pacientes que utilizavam dasatinibe, foi identificado de acordo com o histórico médico que estes fizeram uso prolongado do nilotinibe no passado, e a conduta foi para IAM: angioplastia e para AVCi: troca do TKI. ESC Risco cardiovascular na linha de base: alto e muito alto (20%), baixo e moderado (26,7%-53,3%).
ConclusãoPacientes tratados com TKIs, especialmente nilotinibe, necessitam de monitoramento CV cuidadoso, mesmo com risco CV baixo e moderado, pois a estenose carotídea pode ser detectada em pacientes assintomáticos e aumenta o risco de ECV.