
O uso de Células Progenitoras Hematopoiéticas de Sangue Periférico (CPHSP) tem sido associado a uma recuperação mais rápida de neutrófilos e plaquetas e a uma maior probabilidade geral de sobrevida global e livre de doença do que o transplante de medula óssea. Na coleta de CPHSP, a saída de células-tronco no sangue periférico é estimulada com regimes de mobilização que incluem, de forma padrão, o Fator estimulador de Colônias de Granulócitos (G-CSF) com ou sem quimioterapia e o uso de um antagonista do Receptor de Quimiocinas 4 (CXCR4), como Plerixafor para pobres mobilizadores.
ObjetivoAvaliar a Eficácia Global (EG) da coleta de células progenitoras hematopoiéticas periféricas autólogas em 3 diferentes separadoras celular no serviço de Hemoterapia do INCA e identificar preditores de uma coleta bem-sucedida (número de células coletadas CD34+ ≥2×106/kg).
Materiais e métodosForam analisadas e revisadas as coletas de CPHSP autólogas entre 2012 e 2020. Os dados foram analisados pelo software SPSS® 22. Foram descritas as frequências simples das variáveis categóricas sociodemográficas. As variáveis contínuas foram descritas através das medidas-resumo de acordo com cada variável como: média, mediana, desvio-padrão e Intervalo-Interquartílico (IQR).
ResultadosA amostra foi constituída de 414 pacientes, onde foram realizados 848 procedimentos de coleta, dos quais 361 (42,6%) foram realizados na máquina de aférese Haemonetics®, 301 (35,5%) na COBE® Espectra e 186 (21,9%) na Optia Spectra®. A idade dos participantes variou entre 2 e 76 anos, sendo a média das mulheres de 43,7 anos e dos homens de 42,7 anos, com maior prevalência de indivíduos do sexo masculino (62,8%). Os diagnósticos mais frequentes foram: Mieloma Múltiplo (38,6%), Linfoma de Hodgkin (30,4%) e Linfoma não Hodgkin (26,2%). A maioria dos pacientes (80,2%) foram mobilizados com G-CSF isolado, 15,7% usaram G-CSF com Plerixafor e 4,1% fizeram uso de G-CSF com quimioterapia. A eficácia global do procedimento de coleta de CPHSP por aférese foi de 64,9%. Foi observado que 92 pacientes (22,2%) não atingiram o limiar de 2×106/kg células na 1ª coleta.
DiscussãoA eficácia da coleta de CPHSP por aférese depende de fatores físicos e biológicos. Os fatores físicos estão associados a particularidades do sistema de coleta como raio e rotação, gradiente de densidade dos elementos sanguíneos e, o volume de sangue processado. Já os fatores biológicos são disponibilidade de células CD34+ pré-coleta no sangue periférico e, o movimento das mesmas entre os espaços intra e extravascular. Reconhecidamente, o fator mais importante para sucesso da coleta de CPHSP é o CD34+ pré-coleta. De forma similar a diversos estudos encontramos que o CD34+ pré-aférese se relaciona de forma positiva com o CD34+coletado.
ConclusãoA necessidade de estratégias de mobilização mais eficazes em pacientes difíceis de mobilizar, reduzirem recursos e custos de regimes de mobilização e reduzirem o medo do paciente pela dor e a inconveniência de regimes de vários dias, está no cerne dos estudos atuais para entender e direcionar os mecanismos de mobilização e, consequentemente, realizar a melhor coleta de CPHSP possível com toxicidade tolerável e, em um único dia, deixando os dias subsequentes para eventuais complementações.