HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Síndrome Mielodisplásica (SMD) é um distúrbio hematológico clonal heterogêneo caracterizado por hematopoiese ineficaz, citopenia, displasia morfológica e predisposição à Leucemia Mieloide Aguda (LMA). A maioria dos pacientes com SMD depende do suporte de transfusão de hemácias e plaquetas, e a independência da transfusão é um resultado eficaz para novos tratamentos. Porém a intensidade e a duração da dependência transfusional trazem associadas a si todas as complicações inerentes a essa prática, sendo a aloimunização eritrocitária uma das principais. Estratégias para mitigar o risco de aloimunização são críticas para para diminuir complicações e redução da qualidade de vida de pessoas vivendo com SMD.
Objetivos1) Avaliar o perfil fenotípico eritrocitário de pacientes portadores de SMD, com base em análise de registros em prontuário médico datados de janeiro de 2017 a fevereiro de 2024, acompanhados (ou que realizaram acompanhamento) no ambulatório de transfusão. 2) Identificar o aloanticorpo mais comum. 3) Analisar sobrevida global de acordo com demanda transfusional (hemácias e plaquetas) e positividade na Pesquisa de anticorpos irregulares.
Material e métodosEstudo retrospectivo, longitudinal e observacional. Foram selecionados 91 pacientes. A variáveis numéricas escalares foram submetidas a testes de normalidade e descritas através de média e desvio padrão ou mediana e intervalo interquartil. A sobrevida foi realizada com a curva Kaplan-Meier e teste de log rank. O nível de significância adotado foi de 5%.
ResultadosGênero e idade: 91 pacientes, 40 pacientes do sexo masculino e 51 do sexo feminino. Subtipo de SMD: 28 pacientes (30,8%) portadores de SMD com Excesso de blastos tipos I e II; 7 (7,7%) portadores de SMD com Sideroblasto em anel; 8 (8,8%) com del(5q); 7 (7,7%) com Leucemia Mielomonocítica Crônica (LMMC) e 41 pacientes portadores de “Outras” formas da doença (45,1% da amostra). Fenotipagem eritrocitária: A maioria dos doentes não tiveram fenotipagem eritrocitária realizada ao diagnóstico (50 pacientes, 55%). Entre aqueles com testagem, o perfil fenotípico mais encontrado foi R1r (ou c+ C+ CW- e+ E- K-). Aloanticorpos: Com uma taxa de 17,6% de PAI positivos (16 pacientes), o aloanticorpo mais encontrado foi o anti-E, em 6 pacientes. Demanda de concentrados de hemácias: 27 (29,7%) receberam 20 ou mais unidades, sendo o grupo com maior demanda aqueles com Excesso de blastos (p=0,04). Demanda de concentrados de plaquetas randômicas: 58 pacientes (63.7% da amostra) não apresentaram demanda e 15 pacientes (16.5%) receberam mais de 20 unidades cada. O grupo com Excesso de blastos (isoladamente) também apresentou a maior demanda quando comparada aos demais grupos, porém com p=0,22. Sobrevida global: A mediana de sobrevida global para pacientes que receberam menos que 20 concentrados de plaquetas foi de 48 meses, e para os que receberam 20 ou mais foi de 13 meses com p de 0,01 (log-rank).
DiscussãoLin et al. (2016) demonstraram que, em uma instituição canadense onde foi adotada uma política profilática de pesquisa dos antígenos eritrocitários para esse grupo (RhCE e K) e transfusão de hemácias compatíveis, as taxas de aloimunização foram reduzidas para 11% contra 23% nos serviços que não a realizaram.
ConclusãoTrazendo dados de vida real, nosso trabalho objetivou reforçar medidas preventivas para aloimunização.
Referências:
Bauer MP, et al. Clinical predictors of alloimmunization after red blood cell transfusion. Transfusion, v. 47, n. 11, p. 2066–2071, 2007.




