As hemofilias A e B são distúrbios hemorrágicos raros, resultantes de mutações dos respectivos genes que transcrevem os fatores de coagulação. A deficiência desses fatores causa defeito na coagulação, podendo levar a diátese hemorrágica. O tratamento profilático com reposição do fator deficiente é atualmente o tratamento padrão para pacientes com Hemofilia A grave, e tem o objetivo de eliminar os episódios de sangramento e prevenir o desenvolvimento de artropatias. Existe grande variabilidade de farmacocinética (PK) inter e intraindivíduo dos concentrados de fator e também a depender do concentrado utilizado. Desta forma a PK se tornou uma arma para terapia personalizada para manutenção de níveis hemostáticos adequados do fator deficiente para cada indivíduo. Objetivos: Descrever e avaliar o impacto da personalização do regime de tratamento profilático com farmacocinética dos pacientes com hemofilia A em uso de fator VIII recombinante. Materiais e métodos: Estudo retrospectivo de 27 pacientes adultos e pediátricos com Hemofilia A do Ambulatório da Santa Casa de São Paulo, de janeiro de 2016 a dezembro de 2019. Os pacientes estavam em tratamento profilático com fator VIII recombinante de meia-vida padrão, com dose baseada no peso dos pacientes, e que haviam sido submetidos à avaliação farmacocinética e analisados por meio da ferramenta myPKFiT® versão 2.0. Os dados dos pacientes foram distribuídos e comparados em tópicos relacionados a características demográficas, clínicas, dados da PK e dados períodos pré e pós avaliação farmacocinética: taxa anualizada de sangramento e de hemartrose (TAS e TAH), posologia habitual e posologia sugerida, quantidade de fator mensal, custo mensal estimado com o tratamento habitual e com a nova posologia sugerida. Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial. Considerou-se um nível de significância de 5% em todas as análises inferenciais. Resultados: Do total dos pacientes, 59,26% apresentaram diminuição de TAS e TAH no período analisado pós avaliação de perfil de farmacocinética, sendo encontrado redução significativa (p=0,029 e p=0,03). Foi optado por implementação do tratamento conforme os regimes sugeridos no programa myPKFiT®para 29,62% dos pacientes, os outros 70,37% foram mantidos com o tratamento habitual ou receberam um tratamento diferente daquele sugerido pelo software. Daqueles que receberam o tratamento conforme a sugestão do programa, 62,5% apresentaram melhora pela diminuição de episódios de sangramento, porém sem significância estatística. Foi demonstrado também um aumento significativo na quantidade mensal de fator nos regimes de tratamento profilático sugeridos pelo programa de avalição de PK em comparação às quantias habituais (p<0,001), o que se traduziu também em aumento de custo mensal. Discussão: Pode-se afirmar que houve melhora no perfil de sangramento, observado pela diminuição significativa no número de eventos nas TAH e TAS. E também que, caso implementados, os regimes de infusão sugeridos pelo myPKFiT®acarretariam num aumento significativo tanto da quantidade de fator quanto do custo mensal do tratamento. Conclusão: Pode-se concluir que esta ferramenta teve impacto positivo no manejo dos pacientes avaliados neste estudo no que se traduziu a redução do número de episódios de sangramento.
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