A pandemia da COVID-19 responsável pelo desenvolvimento da síndrome respiratória aguda grave causada pela infecção do SARS-CoV-2 disseminou-se pelo mundo e se tornou uma grande crise de saúde pública. Durante a situação pandêmica, os pacientes com doença falciforme foram incluídos na categoria de “alto risco”de complicações da população. Isso ocorre devido às alterações imunológicas, resultantes do hipoesplenismo funcional, vasculopatia sistêmica, que os predispõe à disfunção orgânica e tromboses. Tendo em vista a relevância do tema e o possível aumento da morbimortalidade decorrente do acometimento de populações vulneráveis, o objetivo deste estudo é avaliar o impacto da pandemia da COVID-19 na qualidade de vida dos indivíduos com doença falciforme atendidos em um hemocentro de referência. Trata-se de um estudo transversal, exploratório, ambidirecional (análise retrospectiva e prospectiva) e abordagem mista (estudo com variáveis quantitativas e qualitativas). Na coleta de dados foram utilizados dois instrumentos o Secure SCD Registry e o Instrumento Abreviado de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde que consistiu na aplicação de questionário e entrevistas estruturadas, respectivamente, além da pesquisa documental. Os resultados das variáveis quantitativas foram expressos por média e desvio padrão, enquanto as variáveis qualitativas foram expressas por frequências absolutas e relativas. Foi utilizado o teste de Wilcoxon para comparar as facetas e os domínios em relação aos períodos de avaliação. Foi adotado nível de significância de 5% para rejeição da hipótese de nulidade. Foi utilizado o software R-project para confecção dos resultados. A baixa incidência e o espectro mais leve da síndrome da insuficiência respiratória aguda grave no estudo sugerem que não há risco aumentado de mortalidade por esta síndrome em pacientes com doença falciforme em comparação com a população geral. No entanto, foi identificada uma alta taxa de hospitalização nesta população quando acometida pela COVID-19. A maioria dos pacientes hospitalizados se recuperou totalmente. Com relação à qualidade de vida, neste estudo, apesar da percepção da qualidade de vida ter saído de um escore de bom (antes da pandemia) para regular (depois da pandemia), nas demais facetas estatisticamente, não houveram mudanças no escore de classificação nos dois períodos, evidenciando que não houve na prática um impacto significativo da COVID-19 nos domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente dos indivíduos com doença falciforme. Os domínios foram classificados como regular antes e depois da pandemia. Os dados acrescentam informações valiosas à literatura existente e espera-se que este estudo venha contribuir com a pesquisa, prática e gestão, permitindo aos profissionais preverem melhor os resultados dos pacientes com doença falciforme e COVID-19, prestando uma assistência cada vez mais individualizada. Ressalta-se a importância e necessidade de estudos com coortes mais robustas para identificar pacientes com maior risco de doença grave e/ou mortalidade, necessitando de internação hospitalar e cuidados mais intensivos. Espera-se também que o estudo forneça uma melhor compreensão sobre potenciais futuras epidemias de doenças infecciosas.
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