
Como resultado das auditorias de qualificação realizada pela Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), os serviços de hemoterapia brasileiros são aprovados ou não como fornecedores de plasma excedente do uso transfusional e com qualidade industrial para produção de medicamentos. Os serviços qualificados realizam o armazenamento e preparação das bolsas de plasma e, após autorização da Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH), fazem envios mensais à Hemobrás seguindo condições e critérios pré-estabelecidos em acordos de qualidade já firmados. A forma de acondicionamento das bolsas de plasma para transporte à Hemobrás foi modificada desde as primeiras coletas realizadas, a partir de 2012, em comparação com o processo realizado atualmente.
ObjetivosRealizar uma comparação entre os índices de descarte durante o período de recolhimento de plasma em razão de diferenças no processo de acondicionamento das bolsas para transporte, bem como avaliar o perfil dos motivos de inaptidão identificados na triagem industrial e elencar as ações para diminuição da quantidade de bolsas de plasma não aprovadas na inspeção realizada na Hemobrás.
Material e métodosObservação e análise das informações referentes ao processo de triagem do plasma recebido pela Hemobrás e monitoradas pelo Setor de Gestão Interna do Plasma (SGIP).
ResultadosAs bolsas inspecionadas entre os anos de 2013 e 2018 chegaram a apresentar uma média de 38% de inaptidão para o fracionamento industrial. O principal motivo de descarte de bolsas de plasma nesse período foi “Bolsa quebrada”. Neste período, as bolsas eram acondicionadas em sacos plásticos (40 bolsas por saco) e caixas plásticas (2 sacos por caixa). A partir de 2022, quando o acondicionamento das bolsas passou a ser realizado em caixas de papelão (32 bolsas por caixa), a média mensal de bolsas consideradas inaptas para fracionamento reduziu para 5%, e o motivo (1) “Bolsa quebrada”permanece sendo o mais prevalente. Outras causas importantes de descarte são (2) “Segmento com hemácias”, (3) “Segmento insuficiente”, (4) “Bolsa sem segmento”e (5) “Segmento com selagem inadequada”.
DiscussãoO modo como as bolsas de plasma são acondicionadas para transporte está diretamente relacionado à diminuição do índice de descarte pelo motivo bolsa quebrada. A caixa de papelão é uma embalagem mais firme, suporta melhor eventuais choques ocorridos durante o transporte terrestre e permite que as bolsas sejam todas posicionadas horizontalmente, de maneira similar à forma como são congeladas, otimizando o espaço de armazenamento e permitindo que o choque entre as bolsas seja dissipado em uma área maior, minimizando o risco de quebra do plastificante da bolsa. A avaliação dos motivos de descarte logo após o fim da inspeção das remessas de bolsas de plasma recebidas dos hemocentros, a qual tem sido realizada num curto espaço de tempo após o fim do transporte, tem permitido que a Hemobrás possa transmitir orientações adicionais de maneira rápida para os parceiros fornecedores, o que também tem contribuído para diminuição do índice de bolsas de plasma inaptas para fracionamento industrial.
ConclusãoA utilização de caixas de papelão para transporte de bolsas de plasma à Hemobrás deve ser mantida, e novas propostas de melhoria da estrutura física e dos recursos humanos dos serviços fornecedores de plasma devem ser realizadas a fim de permitir alcançar um índice de descarte inferior a 2%.