
O aspirado de medula óssea, mielograma, é amplamenterealizado em adultos e crianças para avaliar condições hematológicas benignase/ou malignas. Este exame pode fornecer informações vitais no diagnóstico emonitoramento de doenças hematológicas, infecciosas e reacionais. Quandoutilizado em conjunto com uma boa avaliação clínica e examescomplementares, o mielograma, torna-se crucial na avaliação complementar dosangue periférico.
ObjetivosAnalisar o perfil dos aspirados de medula óssea provenientes deum laboratório de grande porte em São Paulo.
Casuística e métodosAvaliamos retrospectivamente mielogramas analisadosde outubro a dezembro de 2020 em laboratório único. Foram analisados dadoscomo idade, sexo, indicação do mielograma, hemograma no momento dacoleta, patologias encontradas e sua distribuição.
ResultadosForam analisados 285 mielogramas, sendo 162(56,8%) dehomens; Idade mediana 57 anos (10 meses a 89 anos); 31(10,9%) amostrasnão possuíam indicação do motivo para a realização do exame. Dos254(89,1%) exames que possuíam tal dado, 33(13%) tinham Mieloma Múltiplo(MM) como principal suspeita diagnóstica, 19(7,5%) pancitopenia, 19(7,5%)anemia, 17(6,7%) plaquetopenia, 9(3,5%) leucopenia, 22(8,6) Leucemia Aguda(LA), 20(8%) Doença Mieloproliferativa Crônica (DMPC), 13(5,1%) doençalinfoproliferativa crônica/linfoma, 5(2%) leucocitose, 1(0,4%) calazar e 2(0,8%)pesquisa de metástase. Trinta e nove pacientes (15,3%) realizarammielograma na pesquisa de doença residual mensurável (DRM): 13(33,4%)para leucemia linfoblástica aguda, 8(20,6%) leucemia mieloide aguda; 6(15,4%)para leucemia promielocítica aguda, 5(12,8%) MM, 5(12,8%) LeucemiaMielóide Crônica e 1(2,5%) exame foi referenciado como DRM, porém nãohavia descrição da doença de base na solicitação médica. O resultado demielograma mais frequente foi o hipocelular/hemodiluição, correspondendo a49(17,2%) do total de exames avaliados, seguido por 39(13,7%) demielogramas normais. A presença de displasia de uma ou mais linhagenshematopoéticas esteve presente em 50(17,5%) das amostras analisadas,6(2,1%) síndrome mielodisplásica, 27(9,5%) LA, 22(7,7%) DMPC; 8(2,8%)hiperplasia megacariocítica, 2(0,7%) metástase de tumor sólido. Das 39pesquisas de DRM, 19 (48,7%) estavam em remissão morfológica pelomielograma. Devido a heterogeneidade do grupo analisado, os valoreshematimétricos médios encontrados no hemograma não foram estatisticamentesignificativos.
ConclusãoOs mielogramas em nossa instituição foram realizados para umaampla gama de condições hematológicas que variam desde diagnóstico demalignidades altamente agressivas até doenças não malignas. A presença deum ou mais tipo de citopenias foi a indicação mais comum, seguida dapesquisa de DRM e suspeita de MM. A alta frequência de exameshipocelulares/hemodiluídos pode ser atribuída a dificuldades anatômicas oumesmo da patologia de base dos pacientes. Entretanto, não exclui anecessidade de treinamento e capacitação de profissionais para a realizaçãoda coleta de forma adequada. Assim, o mielograma é uma técnica manual eimportante ferramenta complementar na avaliação diagnóstica de muitaspatologias hematológicas. O sucesso de sua análise depende diretamentedesde a adequada indicação do exame, preenchimento de hipótese diagnósticaaté adequadas técnicas de coleta, confecção do esfregaço, coloração da amostra.