HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA progressão da incidência de variados tipos de câncer e os efeitos colaterais associados aos tratamentos tradicionais têm impulsionado a busca por terapias inovadoras e menos invasivas. Nesse contexto, a flora brasileira emerge como objeto de investigação na pesquisa oncológica e os látices da Euphorbia umbellata (Janaúba) e Hevea brasiliensis (Seringueira) ganham notoriedade devido às suas propriedades bioativas.
ObjetivosDeterminar o índice de citotoxicidade (IC50) de linhagens tumorais hematológicas e a composição fitoquímica de ambos os látices.
Material e métodoCélulas Jurkat, Raji e K-562 foram plaqueadas (1 × 105 células/poço) em quadruplicatas e tratadas com os látices liofilizados da E. umbellata (800 μg/mL; 400 μg/mL; 200 μg/mL; 100 μg/mL e 50 μg/mL) e de H. brasilienses (8mg/mL; 4 mg/mL; 2 mg/mL; 1 mg/mL e 0,50 mg/mL) por 24 horas. Após esse período, elas foram marcadas com Vermelho Neutro. As análises dos IC50 foram realizadas por regressão não linear. Ainda, foi realizado o screening fitoquímico dos látices, incluindo a identificação de alcaloides e a análise quantitativa de cumarinas.
ResultadosO tratamento com o látex da H. brasilienses, teve como resultado os valores de IC50 para células Jurkat, Raji e K-562 respectivamente: 2,99 mg/mL; 4,41 mg/mL e 2,80 mg/mL. Ainda, os valores do R² obtidos foram: 0,7 (Jurkat); 0,7 (Raji) e 0,77 (K-562). Já para o tratamento com látex da E. umbellata, os valores obtidos de IC50 foram: 0,20 mg/mL (R² de 0,5) para Jurkat, 0,11 mg/mL (R² de 0,4) para RAJI e 0,22 mg/mL (R² de 0,5) para K562. Em relação às análises fitoquímicas, foram identificados alcaloides no extrato de E. umbellata e cumarinas no extrato de H. brasilienses.
Discussão e conclusãoAo comparar os valores de IC50 das linhagens tumorais tratadas com os látices da seringueira e da janaúba, constatou-se que as células K-562 são a linhagem mais vulnerável aos efeitos citotóxicos do látex da seringueira, enquanto, as células RAJI demonstraram uma maior resistência à morte induzida pelo tratamento. Além disso, os valores de R² próximos a 1 indicam um bom ajuste dos dados ao modelo utilizado, confirmando que a variabilidade da viabilidade celular pode ser atribuída às concentrações do látex testadas. Já em relação ao tratamento com o látex de janaúba, notou-se que a RAJI foi a linhagem tumoral mais sensível ao tratamento, enquanto as células de K562 mostraram uma menor citotoxicidade frente ao látex. Entretanto, o baixo valor de R² indica que não houve um bom ajuste dos dados ao modelo utilizado, o que limita a confiabilidade na relação direta entre a viabilidade celular e as concentrações do látex. Diante do exposto, é possível concluir que a linhagem K-562 demonstrou-se sensível aos efeitos citotóxicos do látex da H. brasilienses, o que pode indicar um potencial terapêutico promissor desse extrato frente a leucemias semelhantes à linhagem em questão. Já em relação ao látex da E. umbellata, apesar de ter sido demonstrado um baixo valor de IC50 para as as células de linhagem tumoral, a previsibilidade limitada, marcada pelo baixo valor de R², dificulta a determinação de um valor de IC50 eficaz, sendo necessário, assim, mais ensaios para elucidação do potencial terapêutico do extrato.
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