
A púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) é uma doença geralmente benigna caracterizada por trombocitopenia. O início é quase sempre insidioso, com petéquias, equimoses e, em mulheres, menorragia. Em casos severos podem ocorrer sangramentos de mucosas, do trato genitourinário e digestivo, e raramente hemorragia intracraniana.
ObjetivoDescrever as características clínicas, epidemiológicas e condutas terapêuticas dos pacientes diagnosticados com púrpura trombocitopênica idiopática no Estado do Acre (2009 a 2019).
Materiais e métodosFoi realizada uma revisão de prontuários de pacientes diagnosticados com PTI no serviço de Hematologia do Hospital das Clínicas do Acre. As informações coletadas incluíram aspectos clínicos e laboratoriais, esquemas de tratamento, necessidade de transfusões, realização de esplenectomia, gestação ao diagnóstico e comorbidades.
ResultadosO estudo avaliou 78 pacientes com uma idade média de 31,38 anos, sendo 81,94% do sexo feminino e 18,06% do sexo masculino. As manifestações cutâneas (79,17%) e nasais (36,11%) foram as mais prevalentes. A média da contagem de plaquetas no momento do diagnóstico foi de 37.599/mm3. 33,33% dos pacientes apresentavam contagem de plaquetas igual ou inferior a 20.000/mm3. Os corticoides isolados foram o tratamento de primeira linha em 45 (62,50%) pacientes, seguido da associação de corticoides com ciclofosfamida que ocorreu em 11 (15,28%) pacientes. A resposta ao tratamento foi avaliada em todos os pacientes: 53 (73,61%) mantiveram uma relação dose dependente, 14 (19,44%) apresentaram remissão total da doença e 5 (6,94%) apresentaram remissão parcial. Não ocorreram óbitos durante o período estudado.
DiscussãoNo momento do diagnóstico de PTI, todos os pacientes analisados apresentavam manifestações hemorrágicas, sendo mais frequentes as de origem cutânea (79,17%), seguidas da epistaxe (36,11%). De acordo com dados da literatura, a hemorragia é a manifestação clínica mais comum da PTI, geralmente acometendo a pele, cavidade oral e trato gastrointestinal. No presente estudo, a média da contagem plaquetária no início do tratamento foi de 37.599/mm3 e 33,33% dos pacientes apresentavam contagem de plaquetas igual ou inferior a 20.000/mm3. Em estudo similar, foi encontrada uma contagem plaquetária média de 25.400/mm3, valor próximo daquele demonstrado neste estudo. Com relação ao tratamento, 98,61% utilizaram corticoides como primeira linha, seja em monoterapia ou em associação com imunoglobulina ou ciclofosfamida. Um estudo demonstrou que os corticoides são a escolha inicial de tratamento para pacientes recém-diagnosticados com PTI. Nele, todos os pacientes receberam corticoides como tratamento e uma pequena parcela recebeu corticoide associado a imunoglobulina. Apesar das análises mostrarem que a transfusão de plaquetas tem uma utilidade bastante limitada, pois as plaquetas são rapidamente destruídas, em um dos estudos, 30,5% dos pacientes que necessitaram de internação hospitalar realizaram transfusão, devido ao alto risco de hemorragia. No entanto, neste estudo, apenas 8,33% dos pacientes receberam transfusão de plaquetas.
ConclusãoA análise pode contribuir para uma melhor abordagem médica da PTI, com maior eficiência, inclusive na escolha da terapêutica.