Promover uma revisão sistemática de literatura com metanálise, a fim de avaliar a associação entre obesidade e sobrepeso e deficiência de vitamina B12 e folato.

Trata-se de uma revisão sistemática baseada no protocolo PRISMA 2020. A revisão foi realizada nas bases de dados PubMed, Scielo, LILACS e EMBASE, usando os seguintes descritores em inglês ou português: Megaloblastic anemia; B12 vitamin or cobalamin, folic or folate, overweight e obesity. Foram incluídos os estudos que correlacionaram em seus resultados e discussão níveis de IMC ou adiposidade com valores séricos de folato e vitamina B12.

Encontrou-se 705 artigos, que após a triagem e aplicação de critérios de inclusão e exclusão somaram 20 artigos para a análise qualitativa e 7 para a análise quantitativa. A amostra final foi composta por 17.780 pacientes, com uma média de idade de 35,95 ± 14,67 anos, com cerca de 65,19% da população feminina. A média de IMC, a partir da disponibilidade dos estudos, foi de 36,83 ± 9,65 kg/m2. Os níveis médios de folato sérico e de vitamina B12 foram 11,75 ± 8,36 ng/mL e 413,47 ± 181,21 pg/mL, respectivamente. Foi observado que ao comparar pacientes com obesidade e pacientes eutróficos, bem como aqueles com obesidade e pacientes com sobrepeso, os pacientes com obesidade apresentaram níveis significativamente menores de cobalamina (SMD = -1,66; IC95% = -2,76, -0,56; I2 = 98,7% e SMD = -0,32; IC95% = -0,62, -0,02; I2 = 92,2%, respectivamente). Entretanto, não houve correlação entre pacientes com obesidade e pacientes eutróficos e pacientes obesos e pacientes com sobrepeso quanto a redução dos níveis de folato (SMD = -0,78; IC95%= -1,68, 0,13; I2 = 98,1% e SMD = 0,04; IC95% = -0,36, 0,43; I2 = 95,5%, respectivamente).

Por meio da análise, encontrou-se uma associação negativa entre os níveis de vitamina B12 em pacientes com obesidade ao compará-los com pacientes eutróficos e com sobrepeso. Não foi evidenciada correlação entre os níveis de ácido fólico e os níveis de IMC estudados, entretanto, cabe-se observar que os estudos apontaram uma deficiência considerável de folato nos grupos de sobrepeso e obesidade, mesmo quando não houve correlação estatística entre essas vitaminas e o grau de IMC. Tais achados foram justificados por alterações metabólicas na absorção dessas vitaminas mediadas pela adiposidade, alteração do padrão inflamatório para um perfil Th1, deficiência dietética, comorbidades como doença do refluxo gastroesofágico, possível interação epigenética, associando a deficiência de folato a alterações no padrão de metabolismo lipídico, mediante metilação do DNA e expressão de miRNAs, que afetariam a distribuição corpórea lipídica e hábitos de vida como sedentarismo.

A partir desta análise, encontrou-se uma correlação estatística significante entre os níveis de IMC e os valores séricos de vitamina B12; no entanto não foi possível confirmar a relação entre os déficits de ácido fólico aos níveis de IMC.