
Esta revisão narrativa tem como objetivo resumir a literatura sobre associações entre o Grupo sanguíneo ABO e COVID-19.
MetodologiaForam selecionados 147 artigos pesquisados entre os anos de 2012 à 2022, usando múltiplas combinações de palavras chaves nas bases de dados PubMed.
ResultadosDos 147 artigos; 40 abordaram sobre grupo ABO e infecções; 10 sobre a suscetibilidade à infecção por SARS-CoV-2; 25 sobre a gravidade da COVID-19 entre os grupos sanguíneos; 30 sobre a relação genética com suscetibilidade e gravidade; 6 abordando a ligação com o tipo sanguíneo ABO e COVID-19 mostrando mecanismos e contribuições para a interpretação de associações vistas; 14 que relataram a iniciação da proteína S e interação das células hospedeiras com SARS-CoV-2; e 10 mostrando a relação do grupo sanguíneo ABO e risco cardiovascular em pacientes com COVID-19.
DiscussãoO grupo sanguíneo ABO é conhecido por ser um fator que influencia a suscetibilidade a doenças infecciosas, e muitos estudos têm descrito associações entre tipos sanguíneos ABO e infecção e gravidade por COVID-19, com achados conflitantes. O tipo sanguíneo O está associado principalmente a taxas mais baixas de infecção por SARS-CoV-2, enquanto o tipo sanguíneo A é frequentemente descrito como um fator de risco. Embora os resultados sobre o risco de desfechos graves são mais variáveis, o tipo sanguíneo A é o mais associado à gravidade e mortalidade por COVID-19, enquanto muitos estudos descrevem o tipo sanguíneo O como fator protetor para a progressão da doença. Além disso, associações genéticas com tanto o risco de infecção quanto a gravidade da doença foram relatados para o locus ABO. Alguns mecanismos subjacentes foram hipotetizados para explicar as associações relatadas, com dados experimentais incipientes. Três hipóteses são sugeridas: SARS-CoV-2 poderia transportar estruturas semelhantes a ABO(H) em suas glicoproteínas do envelope viral e seriam transmitidos assimetricamente devido a um efeito protetor dos anticorpos ABO. Os antígenos ABH poderiam facilitar a interação do SARS-CoV-2 com as células do hospedeiro e a associação de tipos sanguíneos não O com maiores riscos de eventos tromboembólicos poderia conferir aos pacientes com COVID-19 com tipo sanguíneo O, um risco menor de desfechos graves. Os mecanismos hipotéticos afetariam distintos aspectos da história natural do COVID-19, com distintas implicações potenciais para a transmissão da doença e seu manejo.
Conclusãoum levantamento da literatura de estudos epidemiológicos sugere que a ABO tipo sanguíneo pode ser um fator de influência para a infecção por SARS-CoV-2 e gravidade da COVID-19. Embora os resultados sejam conflitantes e bastante variável, o tipo sanguíneo O está associado principalmente ao menor risco de SARS-CoV-2 infecção, enquanto o tipo sanguíneo A, com maior risco. Apesar disso, há poucos dados experimentais sobre este assunto, mais estudos são necessários para elucidar os mecanismos subjacentes às associações relatadas, que é fundamental para uma compreensão mais profunda da relação entre o grupo sanguíneo ABO e COVID-19 e se pode ou não ser traduzido em estratégias de prevenção ou tratamento desta doença.